terça-feira, 8 de abril de 2014

bem que podiam enfiar o vosso pessimismo num sítio que eu cá sei...



Vivemos três anos na merda. Chafurdamos na lama, fomos para lá do fim do poço. Foram três anos terríveis, cinzentos, medonhos. Ameaçaram-nos com o papão e nós, meninos bem comportados, fizemos tudo o que nos mandaram, cumprimos à regra com todas as regras. Portamo-nos bem e os nossos tutores têm-nos passado a mão na cabeça e feito rasgados elogios. Nos meios de comunicação social estrangeiros somos heróis, um caso de sucesso e superação. Nos nossos meios de comunicação somos uns desgraçados que morremos na praia.
Estamos cansados, saturados. Dobramos outra vez o cabo das Tormentas e, embora a tempestade ainda não tenha acabado saberia bem, provar o doce travo da vitória. Mas não, neste país não se comemoram os feitos, celebram-se as desgraças. Neste país, cheio de velhos do Restelo e gente triste, as vitórias são minimizadas e a tragédia ampliada. Neste país, e em nome da má política, escrevem-se as glórias a letra minúscula e sublinham-se a negrito as desgraças. Vivemos num constante delay, onde o passado é sempre melhor que o presente e o futuro. E o passado, lá no passado, quando este ainda era presente, era igualmente mau, péssimo. Seria bom, por uma vez que fosse,  saborearmos as nossas conquistas no agora e não daqui a quinhentos anos. Deixem-nos ficar um bocadinho orgulhosos pelo trabalho que fizemos. Deixem-se de merdas e politiquices e enalteçam a vontade deste povo, a resiliência, o espírito de sacrifício. Deixem de dar tempo de antena a velhos decrépitos que acham que os militares deveriam fazer um golpe de Estado, a políticos ressabiados que torcem para que tudo dê errado só para terem razão, a ex ministros que ajudaram a cavar o buraco onde nos enfiaram e, sem o mínimo de vergonha na cara, acham-se no direito de criticar. Apre gentinha...Custa muito deixar o povo ser feliz, nem que seja só por um bocadinho, custa???


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