terça-feira, 28 de agosto de 2012

E também desta Senhora...



Frémito do meu corpo a procurar-te, 
Febre das minhas mãos na tua pele 

Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel, 

Doído anseio dos meus braços a abraçar-te, 

Olhos buscando os teus por toda a parte, 

Sede de beijos, amargor de fel, 

Estonteante fome, áspera e cruel, 

Que nada existe que a mitigue e a farte! 
E vejo-te tão longe! Sinto tua alma 

Junto da minha, uma lagoa calma, 

A dizer-me, a cantar que não me amas... 

E o meu coração que tu não sentes, 

Vai boiando ao acaso das correntes, 

Esquife negro sobre um mar de chamas... 


Florbela Espanca

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