(Tinha pensado fazer um post sobre a situação política que vivemos. Tinha pensado discorrer sobre a infantilidade e irresponsabilidade da nossa classe política. Tinha pensado falar no quanto já nos custou o amuo do Portas. Em como o jogo politico de interesses e orgulhos mergulhou o país no caos e reaproximou-nos da zona vermelha de onde tanto nos custou sair. Tinha pensado dar corpo à minha revolta por estarmos nas mãos de seres irresponsáveis, que em nada dignificam a ética e os valores humanos. Tinha a convicção de discorrer sobre uma situação trágica que encerra em si a perfeita analogia do povo que a vive. Mas, seria apenas mais do mesmo e, querendo eu poupar-vos a um chorrilho de palavrões, já que é o que me ocorre para descrever os garotos que nos (des)governam (ou (des)governavam), deixo-vos com as palavras de Vergílio Ferreira, perfeitamente actuais, porque afinal, o problema deste país já tem 885 anos.)
"Pensar Portugal. Nós somos um país de «elites», de indivíduos isolados
que de repente se põem a ser gente. Nós somos um país de «heróis» à Carlyle, de
excepções, de singularidades, que têm tomado às costas o fardo da nossa
história. Nós não temos sequer núcleos de grandes homens. Temos só, de longe em
longe, um original que se levanta sobre a canalhada e toma à sua conta os
destinos do país. A canalhada cobre-os de insultos e de escárnio, como é da sua
condição de canalha. Mas depois de mortos, põe-os ao peito por jactância ou
simplesmente ignora que tenham existido. Nós não somos um país de vocações
comuns, de consciência comum. A que fomos tendo foi-nos dada por empréstimo dos
grandes homens para a ocasião. Os nossos populistas é que dizem que não. Mas foi.
A independência foi Afonso Henriques, mas sem patriotismo que ainda não
existia. Aljubarrota foi Nuno Álvares. Os descobrimentos foi o Infante, mas
porque o negócio era bom. O Iluminismo foi Verney e alguns outros, para ser
deles todos só Pombal. O liberalismo foi Mouzinho e a França. A reacção foi
Salazar. O comunismo é o Cunhal. Quanto à sarrabulhada é que é uma data deles.
Entre os originais e a colectividade há o vazio. O segredo da nossa História
está em que o povo não existe. Mas existindo os outros por ele, a História
vai-se fazendo mais ou menos a horas. Mas quando ele existe pelos outros, é o
caos e o sarrabulho. Não há por aí um original para servir?"
Vergílio Ferreira, in
'Conta-Corrente 2
4 comentários:
O D.Afonso Henriques devia vir dar-lhes uma sova pela irresponsabilidade destes lunáticos e desse autista mor.
O nosso país o quê? Um recreio?
Nós saímos da zona vermelha??? Devo estar distraído a cada mês que pago mais impostos.
Mas ainda bem que alguém acha que estamos no caminho certo.
SEM TOSTÃO MAS COM CONVICÇÃO
Caro Eduardo,
Lamento ser eu a portadora desta notícia mas, mesmo que num golpe miraculoso o nosso país alguma vez alcance o superávite,não deixaremos de pagar impostos. Quanto a sairmos da zona vermelha, sim, reafirmo, na segunda feira o estado do país era bem mais auspicioso do o era há 2 anos, ou hoje por exemplo. Para quem, como eu, lida com o mercado e não vai em propaganda de números, eram visíveis as melhorias. E sim acho que não gastar o que não se tem é o caminho certo, pena é que esta política só tivesse sido adoptada agora.
Está bem.
Hoje pago mais imposto que há dois anos,
Hoje pago mais pelos serviços 'ditos' públicos que há dois anos.
Hoje o desemprego é bastante superior que há dois anos.
O défice é superior que há dois anos.
Estamos no caminho certo... VIVA o PSD/CDS.
Sei que é difícil fazer melhor, porque ao contrario desta opinião eu não sou partidário, não defendo que o que um faz é tudo bem feito e o que outro partido fez foi tudo mal feito.
Quando já tivermos morrido é que nos vão facultar a vacina.
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