sexta-feira, 7 de março de 2014

Presos pela farda


(Em 74 foram militares em breve seremos nós???!!!)

Não é que eu ache que os polícias não têm direito a ter um sindicato.
Não é que eu ache que os polícias não têm direito a manifestar-se.
Não é que eu ache que os polícias não têm direito a reivindicar melhores condições.
Não é que eu ache que 800 euros é manifestamente pouco para quem arrisca a vida em prol do outros.

O que eu acho é que os polícias não podem desrespeitar a lei. A tentativa de ontem de invadir as escadas da Assembleia da República é escabrosa para a classe. Os insultos proferidos aos colegas que estavam ao serviço são vergonhosos. Como ontem dizia um amigo meu, membro de uma claque, "eu já levei nos cornos por muito menos". O que nós vimos não foi o descontentamento de uma classe, não foi o reivindicar melhores condições laborais, foi, isso sim, uma chantagem, uma ameaça, um marcar de posição: "nós somos a força deste país e não temos problema em a utilizar para conseguir o que pretendemos". Na reivindicação por melhores condições os polícias não são mais que os reformados, os professores ou os estivadores. Pelo contrário têm uma responsabilidade que estes não têm. Um polícia não deixa de ser uma autoridade quando despe a farda. Pesa sempre sobre ele a responsabilidade do exemplo. E, desrespeitar consciente e propositadamente a lei, tentando invadir a escadaria da casa da democracia, ignorando as ordens dos colegas, usando petardos (provavelmente os mesmos que apreenderam às claques...) não os favorece nas reivindicações que fazem. Tão pouco as ameaças sub-reptícias do uso da força e do poder que julgam ter. Os sacrifícios porque estão a passar são os mesmo que todos os portugueses enfrentam. Caros Srs. da autoridade o poder não está nas mãos de quem tem as armas. O poder está no povo e na sua vontade. A isso chamamos democracia.

(uma nota para a vergonhosa cobertura jornalística, que, em horário nobre, fez do acontecimento uma novela. Informar é diferente de incitar e ontem, a persistência em passar em directo todas as movimentações, quer dos manifestantes, quer das forças policiais foi um claro incitamento a um desenrolar mais violento. )

Sem comentários: