As minhas raízes estão numa pequena aldeia perdida na imensidão verde do Minho. Era a aldeia da minha avó. A minha avó era maior que a própria aldeia, tão maior que, não há no mundo palavras suficientes para descrever a sua grandeza. Mas deixem-me falar-vos da sua aldeia. Lá as pessoas são conhecidas por cognomes, temos a Maria Buceta, o Parreca Seca, o João Pilão, a Maria Mijona, o João Piroco, o Zeca Diabo... Não me perguntem o porquê destes baptismos, preferi ficar sempre na ignorância... Na aldeia da minha avó há histórias e pessoas fantásticas, como o paraplégico que entrou a correr na Igreja a gritar milagre porque não queria ir para o asilo; ou o Santo que, com a sua bengala, rachou a cabeça ao armador depois deste ter almoçado uma omelete feita com os ovos do santo, oferecidos em promessas. Na aldeia da minha avó o Emanuel provou o pimba! o mesmo é dizer que levou uma valente coça em pleno palco depois de ter gritado "viva o benfica". "Não foi para isso que lhe pagamos", justificaram os festeiros...
Na aldeia da minha avó há resquícios da minha infância: lá fui criança rebelde, indisciplinada, gandula, irresponsável. Lá fui feliz, lá estou em casa.
1 comentário:
Faltou-te mencionar o grande clã dos Patricios, o Chorinha, o Papinha, o Parafuso, os Pepinos, os Valentes e claro o outro nome da Maria Boceta que era Maria Macha, a mulher que dizia mais palavrões do que palavras normais...
De facto, aquela aldeia é um mundo á parte!!!
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