A poucos dias de completar o meu 31º aniversário (dói que se farta escrever este número) não posso deixar de fazer uma instrospecção. Uma espécie de pit stop da alma.
Se há 15 anos me tivessem perguntado onde estaria com a idade actual, provavelmente descreveria um cenário equivalente ao monitor cardíaco de um falecido. Uma linha recta, uma vida arrumada, um marido, uns quantos filhos, um emprego estável e um terreno no cemitério. Em vez disso, tenho uma linha que descreve a mais louca das montanhas russas, cheia de subidas vertiginosas, descidas abruptas, loopings violentos (demasiados até). O cenário do marido está muito longínquo e os filhos, apesar de provavelmente estarem mais próximos que o marido, foram, por agora, substituídos pelos sobrinhos. A felicidade não é um estado constante mas, sempre vai prestando algumas visitas.
Metafóricamente comparo a vida às viagens que fazia para o Algarve em criança, antes das auto-estradas e das scuts. Quatorze horas dentro de um carro era algo de violentíssimo para uma criança, se lhe juntarmos uma família tipicamente minhota, com muito barulho à mistura, torna-se numa experiência surreal. Tal como a vida! Actualmente vou a atravessar o Alentejo. Já acuso o cansaço e o aborrecimento de tantas horas de caminho, o que me impede de apreciar a paisagem. O contraste do dourado dos campos com o azul do céu (desse céu alentejano que tanto adoro) não me acalma. A monotonia da paisagem dá-me a sensação de estar parada, imóvel. Por momentos creio que não chegarei lá. Estou exausta, aborrecida, insatisfeita. Mas, apesar disso o sol brilha no céu e eu sei que o paraíso está perto...
I just have to relax and enjoy the trip....
6 comentários:
Oh Mamíssima Miss, deixe lá de fazer esse 31 à volta dos 31, porque os melhores anos da sua vida acabaram de começar e é agora que vai atingir a sua plenitude enquanto Mulher. Comentados que estamos em relação à idade, vamos à Metáfora. Gostei bastante. Não sou adepto de fazer menção a citações, só para não correr o risco de passar a ideia (errada) de que sou gajo culto, mas agora não resisto.
Raul Brandão, no livro os Pescadores, escreveu:
"Tenho de atravessar o Alentejo isolado concentrado, para chegar ao Algarve. É uma província farta, mas a aparência esquelética, a árvore triste a que arrancam a pele em vida, o monte solitário, meteram-me sempre medo. É a terra do ódio. Tudo em que a gente põe a vista é duro e hostil. Ainda o Alto lentejo quer sorrir – mas o sorriso fica
em meio, reservado e triste. Os pinheiros mansos agrupam-se e conversam baixinho uns com os outros para fugirem à solidão do deserto... No Baixo Alentejo, porém, os sobreiros, a cor da terra esfarrapada, o céu esbranquiçado, as lascas de pedra que reluzem como vidros negros e polidos, enchem a alma de monotonia e pesadelo. Uma
grande fumarada levanta-se no fundo do deserto."
E já que o atravessa, vire à direita na rotunda em Grândola e rume ao litoral. Há quem diga que o Paraíso é na Costa Alentejana e não no Algarve...))
PS- Paul Mc Cartney escreveu Yesterday ao atravessar o Alentejo rumo ao Algarve...))
Junta-te ao clube dos 31º e os melhores dias virão.. :)
Bora lá marcar uma trip to Atentejo!!!! quero MUITO conhecer esse paraíso...
E deixamos lá a "S"!!!
Miss S, o amigo Salvador tem razão, depois dos 30 é que é bom!!!
Caramba, e vêm as cinco? Oh caraças, assim não me aguento. Quatro ainda vá que não vá, agora cinco é demais... rsrsrs
PS- Deixam cá a S? Mau! Está armada em casamenteira, Mona? rsrsr
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