... herança de uma paixão ardente vivida entre uma tetravó (ou coisa que o valha) e um engenheiro britânico, encarregue de construir a estrada que ligaria a aldeia dos meus antepassados ao mundo. Conta a história que a minha tetravó (ou coisa que o valha) não resistiu aos encantos de um ruivo de olhos claros e boas maneiras e cedeu a mostrar-lhe o celeiro da família onde lhe entregou o seu tesouro e lhe mostrou o paraíso em português. Nasceu aqui toda uma linhagem de ruivos, sardentos. Eu apenas herdei umas poucas sardas que povoam o contorno inferior dos meus olhos. Mas, as minhas sardas, tal como eu, odeiam o inverno e abandonam-me nesta altura do ano, reaparecendo apenas com o sol. Em circunstâncias normais, por esta altura, elas deveriam ter já dado o ar da sua graça mas, o sol teima em não vir e elas não caiem nestas aparições fugazes do astro rei. Resta-me esperar que o calor venha e traga consigo tudo o que adoro, sardas incluídas.
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