Todos os dias milhares de portugueses queixam-se (oh que inédito, portugueses a queixarem-se...) da falta de oportunidades, do desemprego. A culpa é desde logo colocada ao lado do Estado, como se fosse uma função do Estado dar emprego a toda a gente. Acredito mesmo que na cabeça de muitos, o Estado deveria, desde logo ter destinado a cada indivíduo uma carreira. Saíam da Universidade e tinham logo o emprego, à sua espera, na sua área, com um salário à medida e promoções automáticas. É provável que, para aqueles que acreditam no paraíso, a coisa funcione assim para lá da estratosfera, cá não é o caso. Não cabe ao Estado a função de criar empregos. Cabe sim ao Estado a função de criar condições na economia nacional que potenciem o aparecimento de investidores. O problema é que quando o Estado mostra disponibilidade para criar essas condições, logo se levantam as vozes dos velhos do Restelo que, numa demonstração de mentalidade pré fascista e reveladora de um complexo de inferioridade enraizado nas classes sociais do século XVIII, num ávido protesto contra. Esta opereta medieval tem sempre o mesmo vilão: o patrão gordo, e o mesmo herói: os pobres dos trabalhadores explorados e subnutridos.
Correndo o risco de passar a imagem de uma porca capitalista, eu prefiro aplaudir o patrão. Ser patrão numa economia como a nossa é coisa de super-heróis. É uma missão quase suicida. O patrão não tem direitos, apenas deveres. O patrão só recebe depois de pagar aos trabalhadores, ao Estado e aos fornecedores, isto se sobrar algum. O patrão não tem horas para entrar nem para sair. O patrão não tem fim de semana.O patrão não ganha horas extraordinárias. O patrão não tem a quem se queixar. O patrão não tem a quem pedir um adiantamento. O patrão não tem para quem empurrar os assuntos chatos, como credores e assim. O patrão não se pode dar ao luxo de ficar doente. O patrão não tem férias sem preocupações. O patrão paga mais impostos. Se a vida correr mal ao patrão ele perde tudo. Mesmo que o patrão perca tudo, não tem direito a prestação social de desemprego ou rendimentos mínimos. E agora digam-me quem é que no seu perfeito juízo quer ser patrão neste país. Isto sem falar nos impostos altíssimos, no IRC que desencoraja qualquer um, no IVA que tem de se pagar pontualmente mas, para pedir o reembolso é mais moroso e difícil que atravessar o Atlântico a nado, da TSU que faz qualquer empresário pensar 387 vezes antes de contratar alguém, das taxas disto e daquilo que ninguém sabe muito bem para que servem além do sacar dinheiro às empresas. Depois há a legislação, rigorosa e inflexível. Leis ambientais que não lembram ao diabo, leis laborais que destoam da realidade, leis comerciais altamente pejorativas para os nossos produtos e que nos fazem descer uns degraus na competitividade. Leis essas, supostamente impostas pela Europa mas não cumpridas em nenhum estado membro, senão por nós lorpas que insistimos em ser mais papistas que o papa. E há ainda a cereja em cima do bolo, que é a ideia que a sociedade e o Estado tem dos empresários, que são todos ricos, donos de uma casa no Algarve, um barco, três carros alemães e uma amante brasileira, comprados com dinheiro desviado da empresa. Que não sabem o que são dificuldades, e por isso podem sempre pagar mais impostos. Que vivem mentalmente na época colonial e vêem os seus funcionários como escravos.
O panorama empresarial português é composto em mais de 99% por micro, pequenas e médias empresas. Estes empresários são os meus heróis. São eles que conseguem, apesar de todas as forças contra, mexer a economia nacional. E são eles que merecem ser apoiados e encorajados, apesar da ignorante voz da rua ser contra.
(Atenção, quando digo apoiados, não falo em subsídios, sou total e completamente contra a politica subsidiária. Sou pelos benefícios fiscais, pelo crédito mais acessível, pelo ajudar em vez de estorvar, pela simplificação fiscal, pela descomplicação burocrática, não na hora de criar a empresa mas, na hora de a gerir.)
2 comentários:
Completamente de acordo!
Assino por baixo. E mais, o povo não quer é trabalhar. São uns pobres e mal agradecidos e não pensam em fazer o minimo de esforço para manter o posto de trabalho. E ainda por cima vêm com exigências. EU TAMBÉM SOU PELOS PATRÕES!
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