(Madrinha ao telefone do outro lado do oceano, mais precisamente na cidade Maravilhosa:)
- Oi! minhá fia! Cê tá boa?? Eu tou muito preocupada com cê! Vejo as notícias na Têvê todo o dia e a coisa aí está preta minhá fia. Nossa!!!
- Madrinha, eu não estou propriamente na Siria... Não está fácil mas, as notícias também são exageradas...
- Poxa! É só notícia ruim! Cê largue isso aí! e vem prá cá! Vem pra junto da sua madrinha. A vida aqui está boa. Cê é lindona e super inteligente si safa facilzinho...
- Ai é?! Vou pensar nisso com carinho, prometo. Qualquer dia ainda lhe apareço à porta de mala e cuia.
- Vem minhá fia, vem. Não precisa nem di trazer mala.
(...)
(Na despedida...)
- Minha fia, não esqueça qui quinta feira é dia di Santo Antônio! Cê sabe né...
- Sim Madrinha, eu sei mas, ainda não vai ser este ano que vou roubar o menino...
- Oh! Minhá fia. Tem qui decolar! Vem prá cá. Vem prá sua madrinha, vem...
(Quando desliguei, a ideia de calor e praia todo o ano, da chuva tropical a cair sobre a pele quente, da Barra, da Urca, da Prainha, de Ipanema ao Domingo de manhã, do calçadão, água de coco, posto 9, Lagoa... pareceu-me muito bem. Depois lembrei-me do rastro de fogo das balas que se via à noite pela janela, da incerteza ao atravessar o túnel, do taxista a aconselhar-nos a baixar porque íamos passar na faixa de Gaza, do cadáver em que tropecei na rua coberto apenas com uma folha de jornal, do assalto no semáforo ao carro à minha frente, da descida abrupta do autocarro porque dois guris se preparavam para o "limpar", hummm, num sei não... )
3 comentários:
Vamos lá!!
Eu tu e a Mona aquela cidade nunca mais vai ser a mesma!!!
Nos meus "hopes&dreams&expectations" é para o ano estou lá... Só compro bilhete de ida!
A conversa não foi comigo, mas até a mim me pôs a ponderar seriamente esse assunto!!
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