... quero cheirar-te. A que cheiras tu? Ao fresco verde? ao quente dourado? ao apaixonado vermelho? ao doce azul? O cheiro importa. Tudo tem um cheiro, uma impressão olfactiva, um perfume intrínseco. O amor cheira a mar, o ódio a fogo. A amizade cheira a terra, a compaixão a vento. Perdesse eu todos os outros sentidos e ainda assim conheceria as minhas pessoas apenas pelo cheiro. Mas não conheço o teu cheiro e, por isso perco-me de ti. Desoriento-me e não te encontro o rastro. Voltas atrás, dás-me a mão, esperas-me. Reconheço-te o tacto, sei de cor a tua voz, mas não conheço o perfume do teu riso, dos teus lábios, das tuas mãos, dos teus olhos. Na noite escura, no silêncio sepulcral, na distância de dois braços, quero cheirar-te, sentir-te presente.
Chega-te a mim...
Chega-te a mim...
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