De visita: Três franceses, com escolaridade superior e responsabilidades politicas no seu país, todos pela primeira vez em Portugal. O que sabem sobre Portugal? Praticamente nada. O que conhecem de Portugal? Absolutamente nada. O que sabem dizer em português? Obrigado. Esforço empregue para falarem ou aprenderem a nossa língua? Inexistente.
A recebê-los: Quatro portugueses, escolaridades diversas. Todos já visitaram pelo menos uma vez a França. Sabem o nome do Primeiro Ministro francês, seguem a actualidade politica e social na França. Conseguem dizer o nome e a localização de diversas localidades em França. Falam francês, ou pelo menos esforçam-se por o fazer, sem medo ou vergonha de dizerem asneiras. Conseguem comunicar e isso é o mais importante. Conhecem a história da França e o nome dos seus heróis.
Há quem veja no esforço de socialização dos portugueses uma forma de subserviência. Eu vejo a mais nobre das nossas características, a aceitação da diferença dos outros. Aceitar uma cultura diferente, falar numa língua estrangeira não são atentados à nossa identidade, pelo contrário, são factores endógenos à nossa identidade. Afinal, fomos nós que iniciamos a globalização. É difícil ficar imune aos portugueses. Ao fim de algumas horas, os nossos visitantes, já mostram à vontade, no segundo dia estão rendidos à nossa maneira de ser. Na despedida, o formalismo e o distanciamento tão característicos dos franceses são abalroados por um abraço tipicamente português, daqueles com direito a palmada nos costados e tudo. Trocam-se contactos e fica a promessa de despachar umas garrafas de vinho verde para não esquecerem os amigos de Portugal. E é esta hospitalidade tão nossa que derrete qualquer emproado e apaixona os que nos visitam.
Quando, os franceses me perguntam o que mais gosto em França a resposta é fácil: o espólio artístico. Quando lhes pergunto o que mais gostaram em Portugal a resposta é rápida e emocionada: a hospitalidade e a gastronomia. Gostamos deles pelo que eles têm, eles gostam de nós pelo que nós somos. Romantismos à parte, acho que saímos a ganhar. Afinal, podemos não ter a Mona Lisa mas, temos algo muito mais valioso, algo que o tempo jamais poderá apagar: a arte de bem receber...
8 comentários:
Chapeau! Muito bom!
Estou emocionado... quase que me apetece tomar a Bastilha... ou então um café...
(vou ter de gamar... hmmm... citar essa do espólio artístico vs hospitalidade)
Somos fofinhos e isso ninguém nos tira!! :D
Pois eu não concordo nada. Gostava mais que eles à despedida gostassem não da hospitalidade e da comida portuguesa mas do que viram por cá pois temos monumentos, paisagens e cidades lindíssimas. Quando visito um país pouco me importa a hospitalidade deles mas sim conhecer o que eles têm de melhor. E nós, temos coisas muito boas. Quem muito se baixa o ....
@ RCA gama, gama. Tás à vontade neste tasco... deixa é a agorjeta no balcão...
@Maria Costa, eles vieram em trabalho (posso dizer que ficaram impressionados com a capacidade de trabalho dos portugueses) não houve tempo para turismo. Fiz questão de lhes mostrar, de passagem, o Castelo de Guimarães e o Paço dos Duques (algo que muitos portugueses não conhecem). Mas sejamos realistas, os nossos monumentos podem impressionar os americanos, os brasileiros ou os africanos, mas, para quem tem Versailles, o Louvre,a Pont du Gard, o Mont Saint Michel, o Chateau de Fontainebleu, só para citar alguns, dificilmente se deslumbrará pela nossa história... A estes, resta-nos arrebatá-los com a nossa simpatia.
Temos a Batalha,Jerónimos, Sintra, convento de Mafra, Tomar, etc, etc. Não sou nem norte, nem sul americana e também não fiquei de boca aberta ao ver esses que citou e outros noutros países.Se acha que Portugal só interessa aos estrangeiros pela nossa simpatia, é porque realmente estamos mesmo mal.
Cara Maria, não leia o que não escrevi. Por a Maria ser de um país com séculos de história e ricos monumentos é que não se impressiona em demasia com os monumentos dos outros, porque os nossos são sempre melhores. Agora, o que nós temos como ninguém e isso deve ser visto com orgulho e não com o trauma da inferioridade, é a nossa simpatia (Pena é que esta não esteja distribuida uniformemente pelo território nacional)
Pena é que só somos simpáticos com os de fora pois com os nossos? Será que vivo noutro país?
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