Se depois de ouvires esta obra de arte poética não tiveres vontade de comer uma alheira, não és digno do ar que respiras...
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Delicioso!
Se depois de ouvires esta obra de arte poética não tiveres vontade de comer uma alheira, não és digno do ar que respiras...
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
sábado, 24 de agosto de 2013
Wanna play?
The true man wants two things:
danger and play.
For that reason he wants woman, as the most dangerous plaything...
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Os limites do amor...
Eu adoro os meus sobrinhos. Quando me perguntam o quanto gosto deles, gosto ao ponto de ser viciada neles, de ficar feliz apenas por os ver sorrir, de não haver nada que não faça por eles. Ou achava eu... Acontece que a minha sobrinha é fãzona dos One Direction (sim, esta juventude está perdida! eu aos 12 anos já devorava Led Zepplin) Acontece que tinha bilhetes para ir ver o concerto deles no passado mês de Maio. Acontece que esperou 7 meses por esse concerto e, acontece que, na véspera, o pai dela foi operado de urgência, gorando os seus planos. Ficou muito tristonha, mas encarou a situação como uma mulherzinha, que já é e, em vez de amuar e dramatizar a sua sorte, ajudou a mãe dela naqueles dias um pouco turbulentos. Foi premiada pelo seu bom comportamento e, como forma de recompensa, prometeram-lhe o concerto da Selena Gomez. O tio ofereceu-lhe os bilhetes, sobrou para mim a tarefa de a levar e a acompanhar ao concerto. Ok. Por ela, sou capaz de 2 horas de tortura entre adolescentes histéricas e uma má banda sonora. Ontem, numa animada conversa, e com o entusiasmo do aproximar da data, ela contou-me os seus planos: ir na véspera do concerto para Lisboa e acampar logo de manhã cedo à porta do Campo Pequeno! Olhei estarrecida para ela. Depois do choque passar. Respondi-lhe com a voz mais doce que consegui:
- M. meu amor, luz dos meus olhos. Eu gosto de ti sobre todas as coisas, pede-me para matar ou morrer por ti e fá-lo-ei mas, nunca, jamais, em tempo algum da minha sanidade mental, eu esperarei mais do que 30 minutos à porta de uma sala de espectáculos, tampouco para um concerto de uma pita desenxabida!
Olhou-me com uma faísca nos olhos! Senti a desilusão. Negociamos e acabamos por chegar a acordo com uma passagem pela loja de merchandising dos One Direction.
A desilusão ainda lhe paira no olhar mas, sei que um dia irá agradecer-me.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Vamos falar de mamas...
Apenas quem tem mamas compreenderá o drama que é, por vezes comprar um soutien. Arriscaria mesmo a identificar a numeração desta peça de vestuário como um dos principais problemas femininos. Porque um 38 copa B da Intimissimi, pode muito bem ser um 36 copa C da Women'Secret. Pode parecer algo de irrelevante mas, a verdade é que usar o número errado de soutien estraga um belo par de mamas. Problemas como ficarem descaídas, ou demasiado arrebitadas que nos esbarram no queixo, fazer o efeito de dupla mama, ficarem demasiado à vontade que se sentem impelidas a saltar para fora do seu território, apertar os costados e fazer com que também tenhamos mamas nas costas, enfim, há um sem número de putativos desastres. Felizmente há quem encare este problema com a devida seriedade. Uma equipa de investigadores liderada por um cientista da Nasa, desenvolveu uma app que permite aferir o número correcto que cada mulher gasta de mamas. A ideia é simples, basta tirar uma foto às ditas cujas com o smartphone, submeter e esperar que através de fórmulas complicadíssimas e cálculos aritméticos do outro mundo consigam calcular com precisão espacial o número exacto do soutien. Depois é só escolher na loja online os modelos que mais gostamos e personalizá-los com detalhes à nossa escolha. Uma semana depois temos em casa o soutien perfeito!
Já não há desculpa para andar aí com as mamas ao Deus dará...
domingo, 18 de agosto de 2013
Painting & Poetry XXII
William Bouguereau &
Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram; Nos meus versos ficaram Imagens que são máscaras anónimas Do teu rosto proibido; A fome insatisfeita que senti Era de ti, Fome do instinto que não foi ouvido. Agora retrocedo, leio os versos, Conto as desilusões no rol do coração, Recordo o pesadelo dos desejos, Olho o deserto humano desolado, E pergunto porquê, por que razão Nas dunas do teu peito o vento passa Sem tropeçar na graça Do mais leve sinal da minha mão...
Miguel Torga
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sexta-feira, 16 de agosto de 2013
é um calendário, é de uma marca de pneus, mas não se vê em qualquer oficina...
50 anos do Calendário Pirelli
Robert Freeman - 1964 Francis Giacobetti, -1970 Terence Donovan - 1987 Bruce Webber - 1998 Mert & Marcus - 2006 Karl Lagerfeld - 2011 Patrick Demarchelier e Peter Lindbergh - 2014 |
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
overlook what cannot be overlooked...
Write to me only once a week, so that your letter arrives on Sunday -- for I cannot endure your daily letters, I am incapable of enduring them. For instance, I answer one of your letters, then lie in bed in apparent calm, but my heart beats through my entire body and is conscious only of you. I belong to you; there is really no other way of expressing it, and that is not strong enough. But for this very reason I don't want to know what you are wearing; it confuses me so much that I cannot deal with life; and that's why I don't want to know that you are fond of me. If I did, how could I, fool that I am, go on sitting in my office, or here at home, instead of leaping onto a train with my eyes shut and opening them only when I am with you? Oh, there is a sad, sad reason for not doing so. To make it short: My health is only just good enough for myself alone, not good enough for marriage, let alone fatherhood. Yet when I read your letter, I feel I could overlook even what cannot possibly be overlooked.
Franz Kafka para Felice Bauer, 1912
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Nunca peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu...
A pior estirpe de pessoas são aquelas que acham que só são gente porque conseguiram alguma coisa na vida, ignorando o facto que eram tão mais gente antes.
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Coisas da Mona...
Voltei ao trabalho. Voltei ao Blog.
E não querendo ser mázinha (mas sendo) isto dos blogs tem muito que se lhe diga!!! E a nossa imaginação de vez em quando leva um banho, neste caso foi mesmo um choque, de realidade!
E nada é como imaginamos... É quase sempre pior, mas pronto! C'est lá vie!
Eu espero por ti
Dois meses & counting...
Gosto de saber que estamos a fazer planos... Mas não vou querer mais do mesmo!
Ou vai ou racha amigo!
Venha o feriado...
Estou a precisar de sentir a água gelada na minha pele!
E congelar os pensamentos.
guia-me...
Estou apática, amorfa. Pelo menos é que me dizem. A minha mãe vai mais longe e diz mesmo que estou demasiado pálida (pudera, 3 meses de Verão e apenas uma ida à praia, não há milagres!) e magra, como que antecipando uma qualquer doença, grave, sempre grave, mesmo ao seu jeito drama queen.
Sim é verdade que me sinto demasiada cansada, não um cansaço físico, mas um cansaço de alma. O meu feitio empertigado, extrovertido, animado está em standby, até os palhaços têm direito ao repouso. Right? A verdade é que os últimos dez meses foram muito complicados. Como qualquer marinheiro que enfrenta uma tempestade, não tive na altura tempo para pensar. Precisei reagir sob pena de perecer. Arregacei as mangas, fiz o que foi necessário. A tempestade amainou e então pude olhar à minha volta, ver os destroços, as perdas, os corpos que tombaram, o cheiro a morte, a dor que paira. E então, assimila-se o sucedido, a dor que até então era expelida pela adrenalina, é agora absorvida por osmose. Vejo o rastro de destruição e questiono-me se valerá a pena. Olho para trás, tentando ver o que era, à procura da luz, à procura do antes, da sensação de que tudo fazia sentido. E é essa busca pelo sentido, pela razão de ser, que tem saído gorada. Talvez faça parte do crescimento, talvez precise de mudar as minhas prioridades, talvez precise repensar o meu caminho. Talvez, talvez, talvez... neste momento estou demasiado cansada para reagir, para pensar, para decidir. Neste momento respirar dói. Preciso repousar, todos os heróis precisam. Icei as velas e vou ao sabor do vento. Amanhã reajo...
(É verdade que, apesar da complexidade humana teimar em subverter a simplicidade da vida, esta encontra sempre a forma de manter um débil equilíbrio. E é verdade que nunca me faltou a luz, um faroleiro que me guiasse nesta tempestade. De entre as encostas conhecidas ou de onde menos esperava, sempre vislumbrei o lampejo, fixei os olhos no forte brilho e assim fui-me mantendo à tona.)
(É verdade que, apesar da complexidade humana teimar em subverter a simplicidade da vida, esta encontra sempre a forma de manter um débil equilíbrio. E é verdade que nunca me faltou a luz, um faroleiro que me guiasse nesta tempestade. De entre as encostas conhecidas ou de onde menos esperava, sempre vislumbrei o lampejo, fixei os olhos no forte brilho e assim fui-me mantendo à tona.)
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Até onde te levam os teus amigos?
Há tempos descobri o projecto Até onde nos levam os nossos amigos e desde então tenho seguido atentamente a aventura da Ana e da Bárbara. É intenção destas duas amigas, dar a volta ao mundo apoiadas numa logística que assenta na amizade. Começaram pelos amigos, partiram para os amigos dos amigos, e assim por diante, aproveitando uma teia de amigos que, esperam elas, cubra todo o globo. Nas palavras das próprias: Há sempre um amigo que tem um amigo que é amigo do amigo, que por sinal, é teu amigo. E não é coincidência, o Mundo é mesmo pequeno. Entre duas pessoas existem sempre seis ligações, mesmo quando se está em lados opostos do mundo. Não estamos a testar a teoria dos seis graus de separação, nós só queremos ir até onde os nossos amigos nos levarem. Podemos não chegar ao mundo inteiro, mas conseguimos dar volta ao Mundo.
A aventura já leva nove meses e são já 22 os países visitados, com paragens em 84 cidades e 104 amigos arrecadados. Por onde vão passando vão deliciando todos aqueles que, como eu, seguem esta aventura, com fotos e histórias de lugares e pessoas magnificas. Vão mostrando também os seus amigos e os laços que vão criando.
Rendi-me a esta ideia e à coragem destas duas amigas. É algo que me via a fazer. Apesar de não ser nada o meu estilo hospedar-me em casa de estranhos, esta ideia dos amigos dos nossos amigos não me causa muita estranheza, há até um ar de familiaridade nisso. O amigo do meu amigo, meu amigo é!
Dar a volta ao mundo, é um dos meus grandes sonhos de consumo. Não pelo consumismo. Não sonho conhecer todas as capitais do mundo enquanto me hospedo em cadeias internacionais de hotéis estandardizados de 5 estrelas. Mas porque acredito que tudo fará muito mais sentido. Sempre achei que somos muito maiores do que aquilo que a nossa vista alcança. Tenho a forte convicção, renovada a cada dia, que o que verdadeiramente importa são as relações que vamos construindo com os outros, os afectos, a partilha, a troca de experiências, o contacto humano, os sorrisos trocados, as histórias, o conhecimento. Sempre concordei com John Donne, no man is an island. Acredito que para sermos felizes precisamos da partilha do outro. E, quanto mais heterogénea e multicultural for a nossa partilha, mais colorida será a nossa felicidade.
Há medida que vou ficando mais velha, mais caro vai ficando este sonho, quer pela disponibilidade, quer por outros projectos que entretanto se sobreponham, quer mesmo do ponto de vista logístico e monetário, que o corpo já não aguenta aqueles colchões manhosos de hostels e dos vagões do comboio. Mas lá chegará o dia em que, sozinha, acompanhada ou até mesmo com um filho pela mão partirei, rumo a uma aventura que certamente me dará outra luz sobre o mundo.
Notícias de Istambul
Os Turcos são uma nacionalidade a explorar, tenho visto por aqui espécimens muito interessantes!!!
sábado, 10 de agosto de 2013
Pontapé de saída
Porque há coisas que nunca mudam, porque há rotinas que sabem bem, porque a nossa rotina é vencer, este ano não será diferente e, tencionamos começar já hoje. E porque estou por terras mouriscas, estou tentada a ir para o Marquês gritar Pueeeerrrrto! Carago, é tão bom ser do FCP...
(Ps. O que eu gosto deste ruivinho!)
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
chega-te a mim...
... quero cheirar-te. A que cheiras tu? Ao fresco verde? ao quente dourado? ao apaixonado vermelho? ao doce azul? O cheiro importa. Tudo tem um cheiro, uma impressão olfactiva, um perfume intrínseco. O amor cheira a mar, o ódio a fogo. A amizade cheira a terra, a compaixão a vento. Perdesse eu todos os outros sentidos e ainda assim conheceria as minhas pessoas apenas pelo cheiro. Mas não conheço o teu cheiro e, por isso perco-me de ti. Desoriento-me e não te encontro o rastro. Voltas atrás, dás-me a mão, esperas-me. Reconheço-te o tacto, sei de cor a tua voz, mas não conheço o perfume do teu riso, dos teus lábios, das tuas mãos, dos teus olhos. Na noite escura, no silêncio sepulcral, na distância de dois braços, quero cheirar-te, sentir-te presente.
Chega-te a mim...
Chega-te a mim...
crossing that farthest line...
There is a sea,
A far and distant sea
Beyond the farthest line,
Where all my ships that went astray,
Where all my dreams of yesterday
Are mine.
In, Praia, Sophia de Mello Breyner Andresen
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Voltar a ser criança para voltar a acreditar...
Ontem fui acompanhar um autocarro com 45 crianças rumo a uma aventura numa colónia de férias. O encontro estava marcado para as 9:30, às 9 em ponto já lá estavam todas, sem execepção numa espera ansiosa que não as deixou sequer dormir na noite anterior. A algazarra a bordo era muita. Barulhentos, irrequietos, malandros, mesmo como se querem as crianças. Ainda bem, assim também não houve hipótese a enjoos, a lágrimas de saudade, a arrependimentos de última hora. De entre todos aqueles bichinhos carpinteiros, havia um, particularmente irrequieto, que se destacava pela impaciência. Obrigou-me a sentar a seu lado, para ver se acalmava. Encetamos logo ali uma conversa. Entre o nervosismo e a excitação contou-me que está em pulgas para rever a Elisabete, a namorada que conheceu no ano anterior lá, na mesma colónia. Que está cheio de saudades, que foi difícil passar um ano inteiro sem a ver. Leva-lhe uma prenda: três batons e um coração recortado de cartolina vermelha com um poema escrito por ele. Os olhos brilhavam genuinamente.
Fiquei comovida. Acreditar no amor é preciso. É uma fé que se vai perdendo. À medida que vamos crescendo vamos desacreditando em realidades que nos fizeram muito felizes. O Pai Natal, a imortalidade dos nossos avós, a invencibilidade dos nosso pais, os finais felizes, o amor, outrora verdades incontestáveis, vão-se desfazendo com o contar dos anos, rebentando como bolhas de sabão mesmo em cima do nosso nariz. Mas o João não precisa de saber disso, não para já. Sorri-lhe e desejei que aquele brilho, aquela crença se prolongasse por muitos anos, ou pelo menos, durante os dez dias que vai estar junto da sua Elisabete.
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
C'est ça que c'est bon...
Agosto é o mês do Verão por excelência, das férias, do descanso, da troca dos dias pelas noites, das jantaradas ao ar livre, da sangria e do peixe grelhado. Agosto é o mês dos amigos, dos reencontros. E Agosto é também o mês do Natal, da família, para todos aqueles que regressam à sua pátria, à sua casa, após um ano de trabalho lá fora. Desde sempre me habituei a ver chegar esta malta. Barulhenta, alegre, sedenta de convívio, de pessoas, da portugalidade. Chegam à terra nos seus bólides último modelo, muitas vezes quitado para dar bem nas vistas. Ostentam o orgulho de ser português, o símbolo da federação, a bandeira nacional, o cachecol da selecção, o terço de Fátima, são acessórios auto tão banais como os pneus. As indumentárias denunciam a proveniência. O boné estrategicamente colocado de lado, os fatos de treino de marca, de preferência na cor branca, a bolsa a tiracolo, a camisola do benfas, agora substituída pela do FCP. Eles desportivos, elas demasiado arranjadas e maquilhadas, como se as ruas da aldeia fosse um prolongar dos Campos Elísios, despertando a libido dos rapazes da aldeia que fantasiam com a muito romanceada libertinagem francesa. A aldeia engalana-se para os receber, fazem-se bailaricos, romarias, pagam-se promessas. Mas os outrora filhos da aldeia são agora os avecs. Oscilam entre a condição de emigrante e imigrante.
Isto a propósito do filme A Gaiola Dourada ou La Caje Dorée, - sim porque Agosto é também o mês em que desenferrujamos o francês - ah oui ein! Uma sátira genial à condição dos portugueses em França, à geração dos meus pais que teve de sair do seu país para sustentar a família (um pouco como está a acontecer agora, com a minha geração). Podemos gozar com a sua forma de falar, com a aculturação, com a adoração a símbolos de um Portugal já passado, com a necessidade de ostentar o seu sucesso em forma de grandes casas e carros alemães. Mas não podemos esquecer a força de trabalho que são, o respeito como profissionais que granjeiam nos países que os acolhe, a divulgação da cultura portuguesa, o engrandecimento da Diáspora portuguesa, a importância que têm para a nossa economia. Somos um povo emigrante, está-nos no sangue, está cravado no nosso ADN. No passado demos novos mundos ao mundo, hoje damos ao mundo muito de nós, do ser português.
Que mais dizer sobre o filme? O argumento é excelente na sua simplicidade. A Rita Blanco está soberba, Joaquim de Almeida finalmente no papel de um português, a banda sonora é fenomenal - outra coisa não se esperaria de Rodrigo Leão. Quanto ao Rúben Alves, o realizador, muito jeitoso este avec... Putain...
está um excelente dia....
... para ficar em casa a deprimir: deitada no sofá, a comer chocolate, ler e ouvir isto...
(apre! preciso de férias!asap.)
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
do silêncio ensurdecedor...
Para além da dureza e das traições dos homens, para além da agonia da carne, começa a prova do último suplício: o silêncio de Deus.
E os céus parecem desertos e vazios sobre as cidades escuras.
in O Homem, Sophia de Mello Breyner Andresen
Swaps há muitos, seu palerma!
Dúvidas houvessem quanto à qualidade da nossa classe política e jornalística e, os últimos dias teriam sido esclarecedores. Os mais recentes episódios da novela partidária centraram-se em apurar se a actual ministra das finanças teve ou não conhecimento dos contratos swap aquando da transição de governo. Constituiu-se uma comissão, compararam-se datas, emails, testemunhos, analisaram-se adjectivos, pronomes e advérbios de modo e tempo. Nos jornais e noticiários televisivos discorreu-se sobre a problemática interpretativa das palavras da ministra.
Não vi, em momento algum, os protagonistas das notícias deste país preocupados em saber e esclarecer os contornos que justificam estes contratos. Perguntas como porquê? para quê? a que custo? parecem irrelevantes perante a urgência em saber quando é que este governo tomou conhecimento da trampa herdada pelo anterior executivo.
Há 4 anos atrás, com o agudizar da crise, as empresas viram-se com sérios problemas de liquidez. Na procura imediata da resolução deste problema, tentaram renegociar os créditos (contas correntes de pré-datados e/ou desconto de letras). No processo de negociação, os bancos direccionavam os seus clientes para instituições de crédito do grupo que, como contrapartida para o aumento de crédito, obrigavam à assinatura de contractos swap. Obrigavam é o termo. Sufocados com a falta de liquidez, os empresários não tinham outro remédio senão aceitar esta imposição. As explicações pouco técnicas fornecidas ao balcão da agência pressupunham um bom negócio, embora toda a gente saiba que ninguém faz bons negócios no balcão de um banco, já que a casa ganha sempre. Uma taxa de juro fixa, permitiria uma previsão exacta dos custos.
Poucos meses após o boom deste contratos, as taxas de juro caíram a pique. Os contraentes continuaram a pagar a taxa que haviam negociado, muito acima das praticadas então. Com o piorar da situação económica, do país e do mundo, e os resultados líquidos das empresas a cair, os bancos reviram em baixo todos os limites de crédito contudo, as instituições financeiras, do mesmo grupo, continuaram a cobrar juros sobre limites que já não existiam no banco, alicerçados num famigerado contracto swap. Esta vigarice, disfarçada de fato e gravata condenou muita gente à falência, pessoas que, obrigadas a darem o seu aval pessoal, acabaram por perder tudo o que tinham, vitimas de capitalismo selvagem e pouco escrupuloso.
Muitos destes empresários, hoje, sabem que foi um erro a assinatura deste tipo de contratos mas, também sabem que era a única saída que tinham à data, sufocados que estavam com a falta de liquidez. Apesar de tudo, jogaram com o dinheiro deles, perderam o que lhes pertencia. O mesmo não se passa com as empresas públicas que subscreveram este tipo de contratos. Ao contrário das empresas privadas, que têm crédito sobre aquilo que já facturaram, a maioria das empresas públicas pode apresentar como garantia verbas futuras, tendo por isso maior facilidade no aceso ao crédito e não se justificando a aceitação de contratos abutres como os swap. A pergunta que se impõe, não é a de quem sabia ou quando soube, mas antes o porquê destes contratos. O que importa saber é quem ganhou com estas subscrições e responsabilizar quem lesou o estado. Importa saber se há ligações entre os bancos envolvidos e os gestores públicos que assinaram os contratos. E importa, de uma vez por todas deixar bem claro a todos os que foram chamados a pagar estes erros que a impunidade não perdurará. Porque, neste país, os políticos e gestores públicos, em vez de assinar o livro de posse deviam era assinar uma livrança em branco, por aval ao subscritor, o povo. Melhoraria muito a gestão da coisa pública.
sábado, 3 de agosto de 2013
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
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