Muitas vezes me pergunto sobre o papel que o amor deve ter na nossa vida. Deverá ser uma prioridade? deverá ser a prioridade? deverá ser uma consequência? ou a causa da nossa existência?
A minha geração teve uma juventude facilitada, teve acesso a coisas que os nossos pais não tiveram, ou pelo menos não com a mesma facilidade. Por outro lado, a integração na vida adulta e a estabilidade profissional e financeira tem-se revelado uma missão muito complicada. Por esse motivo o amor vai ficando para trás. É muito comum encontrarmos pessoas na casa dos 30 a lutarem por um lugar ao sol na sua carreira e com uma vida amorosa desastrosa, ou até mesmo inexistente. Dizem que depois de estabilizarem no campo profissional se preocupam com isso. Pensam a vida num organograma onde à cabeça está a carreira, o sucesso, a saúde financeira. O amor virá depois, como se encontrar a pessoa certa tivesse hora e dia marcado, e o pudéssemos adiar até a agenda o permitir. E o tempo vai passando. Até ao dia em que, com ou sem carreira de sucesso, verificam que afinal falta qualquer coisa. O amor é então uma necessidade e, quando a necessidade é grande, as exigências caem. O conformismo instala-se. E o que vem à rede é peixe... Pode dar-se o caso de viverem toda uma vida felizes, ignorando que o que os juntou foi o medo de acabarem sozinhos, e desculpando a falta de pontos de interesse em comum com a falácia dos opostos atraem-se. Ou pode dar-se o caso de, num dia igual a tantos outros, marcado por uma rotina suicida, eles constatem que construir uma vida a dois requer mais investimento que escolher alguém bonito e aparentemente interessante. Que partilhar a vida com alguém é muito mais do que seguir o guião escrito pela sociedade, do casar, ter filhos e passearem todos ao domingo. É então que surge a dúvida: e se eu tivesse aplicado no amor o mesmo empenho que apliquei na minha carreira? Seria mais feliz hoje?? Afinal, um emprego termina aos 65, um amor quer-se eterno...
Há dias fui confrontada com uma pergunta que não me tem saído da cabeça: Eras capaz de largar tudo por um amor? a resposta não foi instantânea, demorou muitos dias a amadurecer mas sim, hoje, ao contrário de ontem, sinto que seria capaz de abandonar tudo por um amor, por o amor.
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