Tenho um baralho de Tarot. Já o disse algures neste blog. É a face palpável da minha veia mística, da bruxinha que habita em mim. Não é uma parte substancial do que sou. Não é suficiente para aceder aos convites para saudar a lua em danças desnudas no Parque del Buen Retiro ou, para fazer poções mágicas sob o brilho do luar no Botânico. Mas, faz parte de quem sou. Há dias, a amiga (de uma amiga) a quem li a sorte contava-me como tudo o que lhe disse acabou por acontecer. As cartas mostravam que iria encontrar o amor durante uma viagem. Foi a NY na expectativa, sonhou em Milão, suspirou em Capri. Acabou por conhecer o actual marido numa viagem do comboio urbano do Porto. Hoje são felizes, numa casa junto ao mar. True story!
Guardo o meu Tarot numa caixa (guardo a minha vida em caixas) junto à cabeceira da minha cama. É mais que um mero baralho. É um plano B. É um desejo reprimido de largar tudo. Deixar para trás os fornecedores importunos, os clientes e as suas urgências, os prazos, as reuniões chatas, as negociações ferozes, as danças que somos obrigados a dançar mesmo sabendo que nos vão pisar os pés, os problemas dos outros, os impostos e as burocracias, os balanços e resultados, as decisões, enfim, os grilhões que nos prendem e reprimem. Mochila às costas, lá dentro o passaporte, a máquina fotográfica, um livro, um caderno, o ipod, a foto deles e as 78 cartas do baralho. Partir sem destino e um único objectivo, conhecer. Conhecer novas pessoas, sítios, paisagens, culturas, sentimentos. Sentar numa mesa de café, algures num vilarejo perdido no mundo, e ler a sorte a um estranho. Ganhar o suficiente para pagar a refeição e a dormida. Capturar em imagens e palavras o mundo. Guardar tudo em adjectivos desenhados. Usar verbos nunca antes experimentados. Criar novos nomes. Respirar a liberdade.
Quem sabe um dia...
Quem sabe um dia...
10 comentários:
"Sentar numa mesa de café, algures num vilarejo perdido no mundo, e ler a sorte a um estranho." eu escreveria assim "Sentar numa mesa de café, algures num vilarejo perdido no mundo, e ficar a ler um livro enquanto observo os locais a fazer coisas sem importância".
Querer viajar é um modo de estar na vida.
Pulha, tinha de ganhar a vida de alguma forma mas, sem as preocupações dos IVA's e TSU's.
Depois de ler a sorte ao estranho, e na posse de umas quantas moedas, pediria um chá e abriria um livro enquanto sorria ao ouvir as crianças a brincar na rua.
Beijo e bom fim de semana...
Não queres ler a minha sorte, aqui via internet, tipo a Maya faz pelo telefone?! Erta giro! :)
Eu também alinho! Ou então na próxima visita pelo Oeste é favor de trazer as 78 cartas.
Sílvia, não sou lá muito boa nas actividades virtuais...
Mas, pagas-me um café, ali na Ribeira, a olhar para o Douro, e eu leio-te as cartas. boa?
PP, digo-te o mesmo, só muda o cenário, Foz do Arelho, Baleal, Óbidos, qualquer uma serve ;)
Beijinhos
Vais ter k me ler as cartas ok?
E quem foi que ofereceu o baralho, quem????
Gosto desse teu lado misterioso, desse plano B.
Esmeralda, pelos vistos clientela não me vai faltar... acho que vou preparar a mochila... ;)
Gija, depois envio-te uns postalinhos, dos sítios por onde for passando.
S*, quem, como eu, nunca se habitou a rotinas precisa de um plano B.
O que eu gostava que me lessem as cartas!!
E gostei do teu plano, mesmo muito.
Adorava poder pôr a mochila às costas e seguir por aí.
Enviar um comentário