Ben Wiseman cartoon |
Acredito que não deva existir na Terra povo mais gozão que o italiano. Sangue quente, descendentes de Baco, acostumados a muito circo. Se é um facto que são uma alegria também é verdade que a responsabilidade é algo que gostam de chutar para o lado. As últimas eleições são a prova disso mesmo. Na hora do aperto foram à Europa buscar o homem que seria capaz de agarrar o leme e passar a tempestade. Chegados a uma aparente acalmia, Monti, numa atitude mui digna tentou legitimar por sufrágio o seu poder. Perdeu sem qualquer glória. Uma vez mais, os italianos preferiram o circo, nada de novo, desde a antiguidade que, quanto pior é Roma governada mais faustoso é o circo... Venceu a ingovernabilidade: Pier Luigi Bersani, do centro esquerda ganhou a câmara baixa, enquanto que Berlusconi, provavelmente graças à sua promessa de devolver parte dos impostos, conquistou o senado. A chave deste imbróglio está na mão do comediante Beppe Grilo, o Manuel João Vieira lá do sitio. Enquanto que a Europa treme perante estes resultados e os mercados mergulham no vermelho, os italianos conscientes da merda que fizeram discutem agora a irresponsabilidade do vizinho do lado é que, aparentemente ninguém admite ter votado em Berlusconi ou em Beppe Grilo apesar de os votos validados. Lá, como cá, subestima-se o poder de um voto. Achamos que o nosso voto não vai fazer diferença e, por isso, sentimo-nos no direito de o estragar, seja a votar num candidato não qualificado, ou no candidato que promete o que sabemos ser impossível e irresponsável, seja a rabiscar uma imbecilidade ou até mesmo a não comparecer às urnas. Lá, como cá, paga-se, mais cedo ou mais tarde, o preço da irresponsabilidade. Porque a democracia é algo de muito sério para se brincar e, por um voto se perde e por um voto se ganha.
Enquanto isso, no Vaticano está aberta a guerra da sucessão. Não é bonita a imagem que tem passado da Igreja na luta pelo trono de Pedro. Escândalos sexuais, pedofilia, crimes económicos, é à vontade do freguês... Tenho para mim que na Camorra ou na Cosa Nostra, a transferência de poder será algo bem mais civilizado...
5 comentários:
Os Italianos vão-se ver Gregos para descalçar esta bota, porque muitas dúvidas de que cheguem a entendimento.
Quem se estará a rir deste voto de protesto (para mim foi), será o Berlusconi
Como não é bonita? Então mas se andamos a pagar o bilhete há 2000 anos, agora queremos ver o espetáculo. E se por civilizado entendes um tiro nos cornos, concordo contigo. Era bem mais simples mas, em todo o caso, suponho que foi isso mesmo que o Papa tentou evitar.
Já a Itália... Enfim, nada a a acrescentar.
lá como cá, o povo é quem mais ordena. Cá, está-se a ver e lá, vamos ver como diria o cego.
Inês, "Os Italianos vão-se ver Gregos para descalçar esta bota", ahaha, muito bom... esperemos é que não sobre para nós...
RCA, não consigo perceber qual a estratégia do Papa, ou se sequer se trata de um estratégia,só sei que a sede de poder que há ali é muito pouco católica... Um tiro nos cornos sempre tem mais dignidade...
Anónimo, acho que pelo caminho que as coisas vão, só mesmo o cego conseguirá ver...
Para mim são o povo mais parecido aos Portugueses, depois dos Portugueses, claro.
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