quarta-feira, 17 de abril de 2013

A (má) sorte da Jacinta...


A Jacinta é uma mulher da aldeia. Ar saudável, faces rosadas, corpo largo e ancas parideiras. É bonita a Jacinta no seu jeito de ser. A Jacinta é rapariga trabalheira, de famílias simples mas honradas. É uma moça casadoira mas, quis o destino, que ninguém pegasse na Jacinta. Ninguém, naquela aldeia, compreende porque é que a Jacinta não arranjou homem. Por isso a Jacinta, com os quase quarenta anos, carrega o selo de solteirona. Mas Jacinta não é não é mulher de desistir e se conformar com o destino e, vai daí procurou no mundo o que não encontrou na sua aldeia. Conheceu o Fernando no Facebook (ou no computador, como diz a sua mãe) e anda numa alegria só, de mão dada pela sua terra com o seu namorado! Dizem os vizinhos que aquela é a alegria que só um homem pode dar a uma mulher, que agora Jacinta já conhece a vida. Mas, não saiu da boca do povo a má sorte da Jacinta. É que, parece, que o Fernando é feiinho que dá dó, dizem que não teve a graça do Senhor quando nasceu. Nunca a aldeia viu pessoa tão feia e, a pobre da Jacinta merecia alguém "mais bem apessoado". Há até quem já reze para que as crianças, se um dia as houver,  não saiam ao pai! Citam o ditado popular "quem feio ama bonito lhe parece" apenas para dizer que, no caso do Fernando, até quem o ama se assusta. Os pais da Jacinta estão apreensivos, alegram-se com a felicidade da filha mas, aquele "home que é tão feio que mete medo ao susto" e que "veio lá dos computadores, que ninguém conhece", não transmite confiança. Diz o povo que "estava melhor solteira a Jacinta mas, agora que ela provou do que é bom não vai querer largar". Mas, o povo não sabe o que quer e o importante é que a Jacinta está feliz e já não morre sem "conhecer a vida"


(Esta história foi-me docemente contada pela madrinha da Jacinta hoje pela manhã e é responsável pelo sorriso que carrego desde então.)


4 comentários:

Ana ✈ disse...

:)) Na minha aldeia diz-se "Já não morre parva!" :D

Quel* disse...

A mim parece me que as pessoas querem é sempre ter alguma coisa para falar. Primeiro porque era solteirona, agora é porque o moço é feio. Ela eu deixe falar quem fala e que aproveite a vida :)

Inês disse...

Que história tão gira!!!
Deixou-me a sorrir!!

MisS disse...

Ana, a sabedoria de aldeia é a melhor. Grande frase o "já não morre parva"!

Quel, é assim o povo, uma balança sem medida. Somos sempre presos por ter cão e presos por não ter.

Inês, também eu sorri com esta história, não de troça ou de gozo. eu não conheço a Jacinta nem o Fernando, apenas a narradora da história mas, estou a torcer pelos dois.