Em 2011, Bronnie Ware, uma enfermeira americana que trabalhava com doentes terminais, publicou, no seu blog, um texto sobre os maiores arrependimentos daqueles que estão perante a morte. (Texto esse que deu, mais tarde, origem a um livro.) A relação que cultivava com os seus pacientes, as conversas que com eles travava, as verdades que lhes via nos olhos, os momentos que comungavam apesar da dor e do medo, permitiram-lhe elaborar esta lista.
Estes são os cinco arrependimentos mais comummente citados:
1. I wish I'd had the courage to live a life true to myself, not the life others expected of me.
2. I wish I didn't work so hard.
3. I wish I'd had the courage to express my feelings.
4. I wish I had stayed in touch with my friends.
5. I wish that I had let myself be happier.
O budismo aconselha a pensar pelo menos três vezes ao dia na morte pois, só assim podemos viver e morrer melhor. A verdade é que a morte é uma inevitabilidade que não encaramos. Adiar para a amanhã é ter a audácia de acreditar que somos imortais pois, quem garante que há um amanhã?
Da lista acima há dois arrependimentos que me despertam, o terceiro, que já nutro, e o quinto que temo. Como qualquer mortal saudável, tenho a ousadia de pensar que terei tempo para redimir, para aproveitar, para recuperar o tempo perdido. A verdade é que, o tempo é algo de irrecuperável e todos nós o sabemos. Como sabemos que cada bala que desperdiçamos é uma oportunidade perdida, pois na vida não há lugar a reload. Mas isso faz-nos agir de forma diferente? Faz-nos sair por aí a gritar amo-te a todos aqueles a quem nunca o dissemos? faz-nos largar tudo para procurar a felicidade? faz-nos deixar de nos importar com os outros? ou procurar aquele amigo que já não vemos há anos? Nunca o ser humano aprendeu pelos erros dos outros. O conhecimento pressupõe uma dose de sofrimento. Estes testemunhos são uma herança preciosa, fazem-nos pensar, analisar a nossa vida, fazer um balanço mas, não nos impedem de cometer os mesmos erros. A morte nunca me assustou (a minha pelo menos), talvez porque nunca pensei nela da forma que um doente terminal a vê (apesar de todos nós sermos terminais): como um fantasma que paira caprichosamente no ar. Assusta-me a dor e, é este medo que me condiciona e que, me leva(rá) a alguns destes arrependimentos. Porque a morte é momentânea mas, a dor é constante.
Post original aqui
7 comentários:
Parabéns. Grande texto, bonito, para reflectir.
Por um lado, o tempo não volta para trás, por outro, "nunca é tarde". Algo aqui no meio deve ser verdade.
A vida é tramada. E é difícil fazermos a maior parte das coisas bem (ou tomarmos as melhores opções), quanto mais todas. Por isso o melhor é respeitarmo-nos primeiro. Provavelmente isso fará de nós melhores também para os outros.
E respeitarmo-nos é também dizer o que queremos e sentimos. E ter uma vida recheada de amigos bons, mesmo que poucos.
Estou a divagar... Bottom line, gostei do texto.
Miss, gostei muito do teu texto e, no limite, ele remete-nos para o propósito da nossa existência (se é que há algum... eu acredito que sim).
Não é fácil pensar nisso, não é fácil...
MisS és a minha blogger favorita :D Lindo texto, bonitas palavras e "grande" blogg:D
Temos de saber valorizar a vida, o prazer que é viver.
POC, querido, mi casa es tu casa, aqui podes divagar à vontade, até porque gosto quando divagas.
"E respeitarmo-nos é também dizer o que queremos e sentimos", true but, quantos de nós não nos desrespeitamos, ás vezes durante toda a vida?
(Great weekend e, boa sorte para segunda ;)*
Sininho, quando penso sobre o propósito da nossa existência vejo as sombras da insanidade, is a deep place to be. Neste momento compro a versão enjoy the trip, don't worry about the destination.
Esmeralda, grande é a tua simpatia.*
S*, essa é uma lição que, por vezes, leva uma vida a aprender-se.
Este teu texto deixa-nos a pensar...de facto deixou.
@MisS, sem dúvida, a maior parte das vezes somos nós que nos desrespeitamos durante muito tempo.
Obrigado pelas tuas palavras*
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