quarta-feira, 26 de junho de 2013

A mão que tira não dá, apenas tira



Ontem encarnei um D. Quixote a lutar contra moinhos de vento. A primeira batalha teve lugar na repartição de finanças. Com uma conta de IRC exorbitante para pagar, a empresa solicitou o pagamento em prestações. Depois de lá ter ido três vezes, ter desperdiçado  horas à espera, informam-me que afinal não têm competência para decidir isso. Teria de ir ao director distrital. Mais umas viagens, desta vez até à capital de distrito, mais umas largas horas perdidas à espera, até entregar o requerimento à pessoa certa. Achava eu que estava tudo resolvido. Receberia a comunicação do deferimento por correio, todos os meses imprimiria o DUC no site das finanças e só teria mesmo de me preocupar em trabalhar para pagar ao estado. Pois, mas isso seria bom demais. Ontem, exigiram, para aprovação do pagamento em prestações, uma garantia que pode ser na figura de aval bancário, caução, seguro caução ou hipoteca voluntária de uma viatura, sendo que neste caso teria de entregar os documentos da mesma, inutilizando-a. Perguntei o porquê desta exigência. Disseram-me que era decorrente da lei. Ora, isto até pode fazer sentido na cabeça de um legislador que parte do princípio que não há pessoas idóneas e que as leis fazem-se para os criminosos. Mas o mais bizarro nesta história toda é que esta mesma empresa tem mais do dobro do valor devido em IRC em crédito de IVA. Crente que seria um argumento válido, atirei-o para cima da mesa. Afinal porque é que a empresa haverá de estar a ter gastos bancários (não tão pequenos quanto isso) e a pagar juros a duas entidades (estado + banca) se as finanças têm em seu poder já muito mais que o dinheiro devido. Porque é que a empresa é obrigada a confiar nas finanças para lhe "guardar" o seu dinheiro e estas não confiam na empresa. Eis senão quando o excelentíssimo senhor que me estava a atender, por certo um guru da gestão desperdiçado no funcionalismo público, me apresenta a solução: "a coisa mais inteligente a fazer era liquidar de uma só vez o valor". Foi neste preciso momento que me saltou a tampa e me saiu qualquer coisa como: "a coisa mais inteligente era o estado despedir os incompetentes que povoam repartições de finanças como esta, talvez assim teria dinheiro para pagar o que deve à empresa, e não falo do IVA, e talvez assim a empresa já tivesse liquidez de tesouraria para pagar ao Estado." Depois de ter sido fulminada com o olhar, fiquei com a certeza que ainda vou passar as passas do Algarve até ter o pedido deferido. 
A segunda batalha foi com o banco que teve o desplante de  cobrar por uma proposta de exportação um valor que daria para ir a França descontar o título e ainda sobrava para comprar um souvenir nas galerias La Fayette. Infelizmente não podemos escolher a repartição de finanças mas, podemos escolher o banco...

(a propósito, ide e assinai esta petição da DECO que pretende ver legislada o fim das comissões de manutenção em contas à ordem. Aqui.)

2 comentários:

Sílvia disse...

Olha, só tenho uma coisa a dizer... a coisa mais inteligente a fazer era liquidar de uma só vez o valor!!!!!! Ahahahahah

Se fosse eu acho que ficaria incrédula a olhar e passado alguns segundos (aqueles que parecem uma eternidade) fazia a pergunta lógica: "Se eu quisesse pagar tudo de uma vez, porque raio estaria aqui??"

MisS disse...

Sílvia, a lógica tende a abandonar-me nestes momentos...