segunda-feira, 29 de julho de 2013

a pior das pobrezas é a do bom senso...


Conheço gente pobre. Gente que luta para sobreviver a uma miséria injusta.
Conheço gente remediada. Gente habituada a viver do ou: ou isto ou aquilo.
Conheço gente rica. Gente que vive desafogadamente ostentando pequenos luxos.
Conheço gente multimilionária. Gente que tem um Rembrandt na parede da sala de estar da casa da aldeia.
Conheço gente que nasceu pobre e construiu um império. Gente que discute um negócio de milhões ao cêntimo
Conheço gente que nasceu muito rica e hoje nada tem. Gente que mantém a aristocracia na postura.
 
O que não conheço é gente assim:

Cristina Espírito Santo, 44 anos, uma vistosa e alta figura loura, teme que aquele “seu” paraíso acabe um dia por causa de uma desenfreada construção hoteleira. Ela que é filha de Jorge Espírito Santo, banqueiro administrador do BES e primo direito da mãe de Ricardo Salgado (o atual presidente-executivo do Banco Espírito Santo), conhece aquelas terras como poucos, porque desde pequenina as frequenta. E é com orgulho que recorda a infância e o passado da sua família naquela herdade. “Durante anos não se passava nada aqui nos verões. Rezava para que aparecessem amigos ou primos para brincar.” Quando se deu o 25 de abril, e os terrenos foram nacionalizados e entregues aos trabalhadores, Cristina deixou de lá ir. Voltou aos 18 anos. “Eu e os meus primos íamos de jipe para praias desertas e, à noite, entretínhamo-nos a jogar às cartas, ao gamão e às escondidas. Sinto esta terra como a minha casa selvagem.” Há 20 anos Cristina comprou uma casa a um arrozeiro. “Apenas lhe fiz melhorias. Pintei-a. Renovei-a. Fiz uma boa casa de banho. Mas deixei a estrutura de origem, com colmo em determinadas zonas. Muito rústica. Mantive a simplicidade original.” Diz meio a brincar que ali se vive em estado mais puro. “É como brincar aos pobrezinhos.”

2 comentários:

Quel* disse...

Perdeu uma boa oportunidade de estar calada!

Inês disse...

Não há nem dinheiro nem classe social, berço ou meia dúzia de apelidos que dê a esta "gentalha" bom-senso.