quarta-feira, 7 de agosto de 2013

C'est ça que c'est bon...


Agosto é o mês do Verão por excelência, das férias, do descanso, da troca dos dias pelas noites, das jantaradas ao ar livre, da sangria e do peixe grelhado. Agosto é o mês dos amigos, dos reencontros. E Agosto é também o mês do Natal, da família, para todos aqueles que regressam à sua pátria, à sua casa, após um ano de trabalho lá fora. Desde sempre me habituei a ver chegar esta malta. Barulhenta, alegre, sedenta de convívio, de pessoas, da portugalidade. Chegam à terra nos seus bólides último modelo, muitas vezes quitado para dar bem nas vistas. Ostentam o orgulho de ser português, o símbolo da federação, a bandeira nacional, o cachecol da selecção, o terço de Fátima, são acessórios auto tão banais como os pneus. As indumentárias denunciam a proveniência. O boné estrategicamente colocado de lado, os fatos de treino de marca, de preferência na cor branca, a bolsa a tiracolo, a camisola do benfas, agora substituída pela do FCP. Eles desportivos, elas demasiado arranjadas e maquilhadas, como se as ruas da aldeia fosse um prolongar dos Campos Elísios, despertando a libido dos rapazes da aldeia que fantasiam com a muito romanceada libertinagem francesa. A aldeia engalana-se para os receber, fazem-se bailaricos, romarias, pagam-se promessas. Mas os outrora filhos da aldeia são agora os avecs. Oscilam entre a condição de emigrante e imigrante. 
Isto a propósito do filme A Gaiola Dourada ou La Caje Dorée, - sim porque Agosto é também o mês em que desenferrujamos o francês - ah oui ein! Uma sátira genial à condição dos portugueses em França, à geração dos meus pais que teve de sair do seu país para sustentar a família (um pouco como está a acontecer agora, com a minha geração). Podemos gozar com a sua forma de falar, com a aculturação, com a adoração a símbolos de um Portugal já passado, com a necessidade de ostentar o seu sucesso em forma de grandes casas e carros alemães. Mas não podemos esquecer a força de trabalho que são, o respeito como profissionais que granjeiam nos países que os acolhe, a divulgação da cultura portuguesa, o engrandecimento da Diáspora portuguesa, a importância que têm para a nossa economia. Somos um povo emigrante, está-nos no sangue, está cravado no nosso ADN. No passado demos novos mundos ao mundo, hoje damos ao mundo muito de nós, do ser português.
Que mais dizer sobre o filme? O argumento é excelente na sua simplicidade. A Rita Blanco está soberba, Joaquim de Almeida finalmente no papel de um português, a banda sonora é fenomenal - outra coisa não se esperaria de Rodrigo Leão. Quanto ao Rúben Alves, o realizador, muito jeitoso este avec... Putain...

2 comentários:

Quel* disse...

A descrição que fizeste dos avecs está completamente acertada. "Eles desportivos e elas demasiado arranjadas", tal e qual.

S* disse...

ahahah Oh pah, eu torci o nariz ao trailer, mas deixaste-me com vontade de ver.