terça-feira, 13 de agosto de 2013

guia-me...



Estou apática, amorfa. Pelo menos é que me dizem. A minha mãe vai mais longe e diz mesmo que estou demasiado pálida (pudera, 3 meses de Verão e apenas uma ida à praia, não há milagres!) e magra, como que antecipando uma qualquer doença, grave, sempre grave, mesmo ao seu jeito drama queen.
Sim é verdade que me sinto demasiada cansada, não um cansaço físico, mas um cansaço de alma. O meu feitio empertigado, extrovertido, animado está em standby, até os palhaços têm direito ao repouso. Right? A verdade é que os últimos dez meses foram muito complicados. Como qualquer marinheiro que enfrenta uma tempestade, não tive na altura tempo para pensar. Precisei reagir sob pena de perecer. Arregacei as mangas, fiz o que foi necessário. A tempestade amainou e então pude olhar à minha volta, ver os destroços, as perdas, os corpos que tombaram, o cheiro a morte, a dor que paira. E então, assimila-se o sucedido, a dor que até então era expelida pela adrenalina, é agora absorvida por osmose. Vejo o rastro de destruição e questiono-me se valerá a pena. Olho para trás, tentando ver o que era, à procura da luz, à procura do antes, da sensação de que tudo fazia sentido. E é essa busca pelo sentido, pela razão de ser, que tem saído gorada. Talvez faça parte do crescimento, talvez precise de mudar as minhas prioridades, talvez precise repensar o meu caminho. Talvez, talvez, talvez... neste momento estou demasiado cansada para reagir, para pensar, para decidir. Neste momento respirar dói. Preciso repousar, todos os heróis precisam. Icei as velas e vou ao sabor do vento. Amanhã reajo...


(É verdade que, apesar da complexidade humana teimar em subverter a simplicidade da vida, esta encontra sempre a forma de manter um débil equilíbrio. E é verdade que nunca me faltou a luz, um faroleiro que me guiasse nesta tempestade. De entre as encostas conhecidas ou de onde menos esperava, sempre vislumbrei o lampejo, fixei os olhos no forte brilho e assim fui-me mantendo à tona.)



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