quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Voltar a ser criança para voltar a acreditar...


Any Magaña | via Tumblr

Ontem fui acompanhar um autocarro com 45 crianças rumo a uma aventura numa colónia de férias. O encontro estava marcado para as 9:30, às 9 em ponto já lá estavam todas, sem execepção numa espera ansiosa que não as deixou sequer dormir na noite anterior. A algazarra a bordo era muita. Barulhentos, irrequietos, malandros, mesmo como se querem as crianças. Ainda bem, assim também não houve hipótese a enjoos, a lágrimas de saudade, a arrependimentos de última hora. De entre todos aqueles bichinhos carpinteiros, havia um, particularmente irrequieto, que se destacava pela impaciência. Obrigou-me a sentar a seu lado, para ver se acalmava. Encetamos logo ali uma conversa. Entre o nervosismo e a excitação contou-me que está em pulgas para rever a Elisabete, a namorada que conheceu no ano anterior lá, na mesma colónia. Que está cheio de saudades, que foi difícil passar um ano inteiro sem a ver. Leva-lhe uma prenda: três batons e um coração recortado de cartolina vermelha com um poema escrito por ele. Os olhos brilhavam genuinamente.
Fiquei comovida. Acreditar no amor é preciso. É uma fé que se vai perdendo. À medida que vamos crescendo vamos desacreditando em realidades que nos fizeram muito felizes. O Pai Natal, a imortalidade dos nossos avós, a invencibilidade dos nosso pais, os finais felizes, o amor, outrora verdades incontestáveis, vão-se desfazendo com o contar dos anos, rebentando como bolhas de sabão mesmo em cima do nosso nariz. Mas o João não precisa de saber disso, não para já. Sorri-lhe e desejei que aquele brilho, aquela crença se prolongasse por muitos anos, ou pelo menos, durante os dez dias que vai estar junto da sua Elisabete.

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