quarta-feira, 3 de julho de 2013

Um país de Canalhas



(Tinha pensado fazer um post sobre a situação política que vivemos. Tinha pensado discorrer sobre a infantilidade e irresponsabilidade da nossa classe política. Tinha pensado falar no quanto já nos custou o amuo do Portas. Em como o jogo politico de interesses e orgulhos mergulhou o país no caos e reaproximou-nos da zona vermelha de onde tanto nos custou sair. Tinha pensado dar corpo à minha revolta por estarmos nas mãos de seres irresponsáveis, que em nada dignificam a ética e os valores humanos.  Tinha a convicção de discorrer sobre uma situação trágica que encerra em si a perfeita analogia do povo que a vive. Mas, seria apenas mais do mesmo e, querendo eu poupar-vos a um chorrilho de palavrões, já que é o que me ocorre para descrever os garotos que nos (des)governam (ou (des)governavam), deixo-vos com as palavras de Vergílio Ferreira, perfeitamente actuais, porque afinal, o problema deste país já tem 885 anos.)

"Pensar Portugal. Nós somos um país de «elites», de indivíduos isolados que de repente se põem a ser gente. Nós somos um país de «heróis» à Carlyle, de excepções, de singularidades, que têm tomado às costas o fardo da nossa história. Nós não temos sequer núcleos de grandes homens. Temos só, de longe em longe, um original que se levanta sobre a canalhada e toma à sua conta os destinos do país. A canalhada cobre-os de insultos e de escárnio, como é da sua condição de canalha. Mas depois de mortos, põe-os ao peito por jactância ou simplesmente ignora que tenham existido. Nós não somos um país de vocações comuns, de consciência comum. A que fomos tendo foi-nos dada por empréstimo dos grandes homens para a ocasião. Os nossos populistas é que dizem que não. Mas foi. A independência foi Afonso Henriques, mas sem patriotismo que ainda não existia. Aljubarrota foi Nuno Álvares. Os descobrimentos foi o Infante, mas porque o negócio era bom. O Iluminismo foi Verney e alguns outros, para ser deles todos só Pombal. O liberalismo foi Mouzinho e a França. A reacção foi Salazar. O comunismo é o Cunhal. Quanto à sarrabulhada é que é uma data deles. Entre os originais e a colectividade há o vazio. O segredo da nossa História está em que o povo não existe. Mas existindo os outros por ele, a História vai-se fazendo mais ou menos a horas. Mas quando ele existe pelos outros, é o caos e o sarrabulho. Não há por aí um original para servir?"
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 2

4 comentários:

Inês disse...

O D.Afonso Henriques devia vir dar-lhes uma sova pela irresponsabilidade destes lunáticos e desse autista mor.
O nosso país o quê? Um recreio?

Eduardo disse...

Nós saímos da zona vermelha??? Devo estar distraído a cada mês que pago mais impostos.
Mas ainda bem que alguém acha que estamos no caminho certo.

SEM TOSTÃO MAS COM CONVICÇÃO

MisS disse...

Caro Eduardo,

Lamento ser eu a portadora desta notícia mas, mesmo que num golpe miraculoso o nosso país alguma vez alcance o superávite,não deixaremos de pagar impostos. Quanto a sairmos da zona vermelha, sim, reafirmo, na segunda feira o estado do país era bem mais auspicioso do o era há 2 anos, ou hoje por exemplo. Para quem, como eu, lida com o mercado e não vai em propaganda de números, eram visíveis as melhorias. E sim acho que não gastar o que não se tem é o caminho certo, pena é que esta política só tivesse sido adoptada agora.

Eduardo disse...

Está bem.

Hoje pago mais imposto que há dois anos,
Hoje pago mais pelos serviços 'ditos' públicos que há dois anos.
Hoje o desemprego é bastante superior que há dois anos.
O défice é superior que há dois anos.

Estamos no caminho certo... VIVA o PSD/CDS.

Sei que é difícil fazer melhor, porque ao contrario desta opinião eu não sou partidário, não defendo que o que um faz é tudo bem feito e o que outro partido fez foi tudo mal feito.

Quando já tivermos morrido é que nos vão facultar a vacina.