O Luís...

... era jovem, desconheço-lhe a sua história, apenas sei que escolheu pôr fim à vida. Dizem que foi por amor. Acredito. O amor mata, magoa, sufoca. O amor oferece o melhor e o pior da vida e, é de difícil trato. Raramente estamos preparados para o seu surgimento e nunca conseguimos sair incólumes após a sua partida. O amor enrijece-nos, dá-nos tarimba para a vida. Quantos de nós não tiveram já de abdicar de um amor para seguir o seu caminho? Quantos de nós não deixaram para trás pessoas que amavam mas, que sabiam não pertencer ao seu futuro? Não é fácil sobreviver a um desgosto, recompor-nos de uma perda que continua sempre presente, refazer uma vida que achávamos já resolvida. O Luís não conseguiu, não teve forças para sair do lodo que é a dor de perder quem amamos e escolheu não viver a ter de viver sem o seu amor. Suicidou-se no mesmo parque onde, em tempos, trocara beijos apaixonados. De cada vez que, embrenhada na minha caminhada e concentrada na música que sai do meu Ipod, passo no sítio onde o Luís se despiu da sua dor, sinto um arrepio, e recordo algo que a minha avó me dizia muito: "nunca devemos gostar de ninguém mais do que de nós próprios"...