Embora não pareça, as pessoas acima retratadas têm muito mais em comum do que se possa pensar. São as três mulheres. Pelo menos nasceram mulheres e carregam a anatomia que as define como femininas. Mas escolheram ser homens. Porquê? Por circunstâncias sociais, as mesmas que nos acorrentam e limitam a nossa liberdade. Por regras incompreensíveis de uma sociedade que se diz racional mas que mais não é que um conjunto de seres desprovidos de razão. Estas mulheres são "virgjinesha" ou virgens juramentadas. Uma tradição iniciada no século XV na Albânia e que se prolonga até aos dias de hoje. As mulheres eram propriedade do marido. Os casamentos eram forçados e, a elas, estava vedado qualquer direito. Coisas simples e básicas, como usar calças, conduzir, comprar terras eram um privilégio exclusivamente masculino. Se uma família perdesse o seu patriarca restava-lhe duas opções: resignar-se ao estatuto de pária e serem excluídos da sociedade ou transformar uma figura feminina em homem. Elas juram passar a vestir-se como homem, comportar-se como homem, a ser homem. Juram ainda renunciar ao sexo e permanecer virgens e castas para sempre. Com este gesto salvam a família de cair na desgraça social e passam a ser respeitadas e admiradas pela sociedade.
Não consigo deixar de sorrir com a ironia de toda esta história. Uma sociedade que despreza o valor de uma mulher apenas e só para se render às suas capacidades. Esta tradição bem podia ser a metáfora da história da Mulher. Tantas vezes discriminada, subvalorizada, relegada para uma posição inferior mas, que se eleva e demonstra toda a sua grandeza (por vezes incompreensível para seres não equiparados) provando que quando se é mulher, pode ser-se qualquer coisa. E o papel de homem não será dos mais difíceis de representar...
4 comentários:
Gostei da tua última frase, porque é mesmo verdade...
Nao fazia ideia que coisas destas existiam.
Meu deus, isto arrepia.
Bemmmmmmmmm, desconhecia por completo.Mas é nas adversidades que muitas mulheres mostram ser superiores.
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