domingo, 20 de janeiro de 2013

O peso de ser português...


Terminou o Dakar e a nossa imprensa vibra com o histórico segundo lugar conquistado pelo Ruben Faria. É uma boa classificação, aliás é uma classificação fabulosa mas, se calhar, se deixassem, o Ruben teria conseguido mais.  O Ruben foi contratado pela KTM/ Red Bull como aguadeiro do campeão, o francês Cyril Després. A tarefa de Ruben era trabalhar para a vitória do colega de equipa. Acontece que o português mostrou estar em melhor forma que o francês e, não fossem as ordens dos bastidores para abrandar, o desfecho deste rally poderia ter sido diferente. Qual a diferença do francês para o português? Cyril carrega o mérito de 4 vitórias mas, o que faz verdadeira diferença é a sua nacionalidade. Cyril representa um mercado de 65 milhões de pessoas (e poder de compra), Ruben apenas 10 milhões (e poder de compra muito atrofiado). Esta discriminação acontece muito no desporto motorizado mas, não só. Nas artes, música, literatura, representação é também notável a nossa pequenez, reforçada ainda pela pequenez da mente dos portugueses que teimam em subvalorizar os talentos nacionais. A culpa desta imagem externa é exclusivamente nossa, que não sabemos trabalhar e aproveitar a nossa história. Somos pequenos territorialmente mas, somos a 5ª língua mais falada no mundo. Explorar os laços que nos ligam à imensa comunidade de língua portuguesa não é só uma medida inteligente, é uma questão de sobrevivência. O afecto já lá está, só precisa de ser trabalhado, incitado. Claro que não convencemos ninguém a gostar de nós se nós próprios não gostamos. Há que dar verdadeiro valor aos excelentes atletas e artistas que temos.

2 comentários:

RCA disse...

Pela minha parte, o sucesso é dele, só dele, e é do caraças.

De facto acho que prova que a língua ou o tamanho do país não é impeditivo de nada. Na verdade, começam a haver exemplos de sucesso, que em nada dependem da língua... quer dizer, a maior parte deles são me inglês.

MisS disse...

RCA, claro que o mérito é dele, já o Cyril terá sempre a dúvida será que ganhava se não tivessem mandado o Ruben abrandar? E sim claro que há casos de sucesso mas, poderia haver muitos mais. Se o Bruno Magalhães fosse espanhol ou francês não lhe faltavam patrocinadores, se o Álvaro Parente não fosse português, se calhar já estava na F1. O tamanho do mercado conta muito nestes desportos, como conta para editoras, galeristas, etc. Quando falo na questão da língua falo no aspecto de aproximação, quantos de nós não torcem pelo Brasil no Mundial quando Portugal é eliminado. Porque nos identificamos com eles. Pensar num artista/atleta português como alguém que pode criar empatia nos lusófonos é pensar num mercado de cerca de 300M de pessoas, isto tem outro impacto nos patrocinadores...