quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sobre carris...

Eu adoro comboios. (Algumas das minhas viagens de sonho têm  mesmo o comboio como figura central.) Já vivi algumas histórias ao som do pouca-terra-pouca-terra mas, a mais surreal de todas, foi num intercidades Braga-Lisboa (quem diria!), há uns quantos anos atrás. Tinha decidido no dia anterior ir passar uns dias de férias a Porto Covo. Ainda tive tempo de convencer a Mona e uma outra amiga. Agarramos na tenda e lá fomos nós apanhar o comboio que, nesse dia, o mais longe que chegaria era a Lisboa. Não importa, depois veríamos como chegar ao Alentejo. Como éramos 3 eu ia sozinha, separada delas pelo corredor. No Porto entrou um sujeito que ocupou o lugar ao meu lado. Em Aveiro entrou uma miúda com a perna engessada que se sentou atrás de mim. Ajudei-a a instalar-se e metemos conversa. Simpatizamos umas com as outras e foi uma amena cavaqueira até Lisboa. Ao chegar, e porque ela ia muitas vezes a Coimbra, trocamos números de telemóvel. (Há aqui um pequeno hiato na história que permanece muito nublado na minha cabeça, apenas sei que meteu uma noite no Bairro da Bela Vista em Setúbal....) No dia seguinte lá chegamos a Porto Covo, sãs e salvas... É então que começo a receber mensagens estranhas no meu telemóvel. O interlocutor, que era anónimo, dizia que estava completamente apaixonado por mim; que me conheceu no comboio, descrevia a minha roupa e os meus pertences com demasiada exactidão, sabia o meu nome e pormenores da minha vida. Dizia que tinha ido visitar a namorada a Évora mas, se eu lhe desse uma oportunidade, acabava tudo com ela naquele momento e iria ter comigo a Porto Covo. Spooky!!! Este foi o momento em que comecei a ter medo. E, três miúdas sozinhas numa tenda não me acalmava muito (além disso, elas estavam bastante mais assustadas que eu, a imagem do Hannibal Lecter pairava-lhes no imaginário). Foram noites agitadas dentro da tenda... As mensagens caíam em torrente, depois vieram os telefonemas. Ligaram-me ainda familiares do stalker a interceder por ele e a tranquilizar-me pois não se tratava de um psicopata, apenas de alguém apaixonado!
Afinal, o enamorado era o meu companheiro de banco. Eu não troquei mais que dois olhares com o jovem, fui todo o caminho a conversar com as minhas amigas e com a miúda de Aveiro. Ele, por sua vez, foi o tempo todo atento à conversa especialmente quando dei o meu nº de telemóvel à miúda...

 (confesso que durante um milésimo de segundo pensei que era a miúda que se estava a declarar e, temi por ter que me estrear na perigosa arte de partir corações femininos...) 

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