quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Quando a ironia nos mata....

Eu sou branca. Não o digo no sentido de raça mas, de tom de pele. Sou mesmo branquela. Descendente de loiros e ruivos, não podia ser de outra maneira. Durante o Inverno, e com tom dourado adquirido no Verão já totalmente deslavado, é constante ouvir comentários como "Oh! estás tão branca!" "O que tens?!" Claro que eu podia resolver esta questão com umas sessões de solário ou com uma base que me fizesse parecer a Michelle Obama. Mas eu detesto solário e a minha base respeita as mais básicas regras da maquilhagem.  Há dias escureci o cabelo, o que me deu um tom mais branco e fez com que os comentários aumentassem ainda mais. Numa visita ao cemitério da terrinha fui abordada por uma senhora (conhecida por ter uma língua kilométrica) que me disse estar muito preocupada comigo pois, estava a observar-me ao longe e reparou que eu estava muito pálida e magrinha (peso o mesmo de sempre). Com o meu melhor tom irónico respondi-lhe que era a consequência de estar perto da morte (estávamos num cemitério!) Finalizei ainda com "é a vida!" sincronizado com um piscar de olho. Acontece que a mensagem passou mas, a ironia perdeu-se e a notícia da minha iminente morte espalhou-se como um rastilho de pólvora. Há até quem jure que foi ao meu funeral e que a minha visita ao cemitério foi para eu mesma escolher a última moradia (não sabem pois eles que eu não invisto nesse tipo de imobiliário...) Quem não achou piada nenhuma à brincadeira foi a minha mãe que, ao primeiro cumprimento de condolências ligou-me com uma descompostura que me fez recuar à adolescência. Expliquei-lhe que estava a ser irónica, que foi uma piada e que o raio da beata é que não percebeu. Sabiamente respondeu-me a minha mãe: "queres ser irónica? diz que estás branca por causa da crise, que deixaste de ter dinheiro para o tintol, pode ser que alguém tenha pena de ti e te ofereça meia pipa".
Pois então seja. Caros amigos, não liguem se vos chegarem rumores da minha morte anunciada, ao que parece não será para já. O meu tom pálido nada tem que ver com uma doença terminal, antes com a falta de orçamento para adquirir o rouge natural da videira.

1 comentário:

Sílvia disse...

Lol!! Sinto muito pela tua perda (do tintol), as minhas condolências!!!!!!!