domingo, 2 de setembro de 2012

Just another Irish Blessing...

 
 
 
Esta é a minha música preferida do U2 (raramente as minhas preferências coincidem com os grandes hits das bandas, nunca fui ovelha de rebanhos). Quando ouvi pela primeira vez o album How to Dismantle an Atomic Bomb, a minha atenção prendeu-se imediatamente a esta faixa. Não sabia nada sobre a música mas, a letra, a intensidade da voz do Bono, o raro contributo vocal do Larry, arrebatou-me completamente. Quando conheci a história que a inspirou fiquei ainda mais rendida. A música fala sobre um antigo colega de escola dos membros da banda: Christopher Nolan. Nolan sofria de paralisia cerebral devido a uma privação de oxigénio aquando o seu nascimento. Apenas mexia a cabeça e os olhos e, era com estes que comunicava. A sua mãe, com a fé inabalável de todas as Mães, acreditava que o filho era muito mais do que as pessoas e a sua piedade viam: um corpo inerte, uma mente vazia. Ensinou-lhe o alfabeto, o pai lia-lhe passagens de Ulysses de James Joyce, a irmã cantava-lhe. E assim, foram nascendo histórias e poemas num cérebro que se foi libertando do seu corpo morto. Aos dez anos, Nolan passou a tomar uma "Miracle Drug" que lhe permitia relaxar os músculos e, num computador especial, com um teclado especial, foi possível a este irlandês, filho de uma pátria rica em escritores, dar a conhecer ao mundo o seu talento literário. Afinal o seu cérebro não era vazio, nele viviam sonhos, estórias, personagens. Nele havia a vida que faltava ao seu corpo. Para escrever Nolan utilizava um apetrecho próprio na cabeça e, com a ajuda da sua mãe, que com o amor paciente de mãe lhe segurava entre as mãos a cabeça enquanto ele seleccionava, tecla por tecla,  as letras e palavras que iriam dar corpo às suas obras, aos seus sonhos. Para a posteridade, Nolan deixou-nos, entre várias  composições poéticas e literárias, a sua autobiografia Under the Eye of the Clock, onde declara todo o seu amor à sua mãe.
 
Nolan nunca esqueceu a sua condição de "aleijadinho" mas,  apesar de estar condenado àquela que é, talvez, a mais tortuosa forma de vida, isso não o impediu de criar obras de arte maravilhosas e ser a inspiração para outras, como esta música. Apesar de viver "preso no seu pesadelo", Nolan foi feliz, foi amado e deixou um legado. Mostrou-nos que, pior que viver preso num corpo é viver preso na mesquinhez de uma mente...  
 
 
 
 

2 comentários:

Marco C. disse...

não conhecia esta. fiquei fã! obrigado :)

Gija disse...

Também adoro e graças a ti que me apresentaste esta música fantástica!!!