sábado, 23 de março de 2013

Deprimi...


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Liga-me uma amiga. Diz-me que precisa de mim. Pergunta-me quando é que nos podemos encontrar. Combino para daí a umas horas. Vem apanhar-me ao trabalho. Vamos para casa dela. Fechamo-nos no quarto para fugir aos ouvidos da empregada. Mostra-me um papel que escrevemos há 10 anos. Ainda estávamos na Universidade, partilhávamos casa. Ainda sonhávamos. No papel estava escrita a minha versão do que ela seria aos 30. Eu tenho, algures numa caixa, o papel que ela escreveu sobre mim. Na altura os 30 era algo de muito abstracto, uma etapa perto da meta. Achávamos que teríamos todo o tempo para cumprir uma série de desígnios. Hoje, e tendo já ultrapassado essa marca, vemos que estamos muito longe da meta. Não conquistamos ainda metade do que nos propusemos, demos uns passos à frente e a vida encarregou-se de nos obrigar a recuar outros. Os sonhos não são tão desmedidos, não estamos sequer certas de estar no caminho certo. Reconhecemos o lado positivo na consciência de ter ainda muitos capítulos para viver, não no tempo que a sociedade impõe mas, no nosso tempo, ao nosso ritmo. Não é o facto de a segurança que achávamos vir ter, a esta altura da vida, ter sido substituída pelo desconhecido, que nos atormenta. O que é insuportável é a indefinição. É que pior que não ter, é não saber o que se quer.
A minha amiga está numa situação difícil, pessoal e profissionalmente. Está perdida numa encruzilhada. Compreendo-a. O meu papel era animá-la, ouvi-la, tentar dar-lhe um bocadinho de luz de forma a guiá-la por entre o nevoeiro em que se encontra. Podia ter-lhe dito que vai tudo correr bem, que está nas mãos dela fazer o seu próprio caminho, que só ela pode construir a sua felicidade, que com força de vontade tudo se consegue mas, para isso basta ir ao mural do facebook.  Em vez disso deprimi com ela. Não estando eu em nenhuma encruzilhada, a verdade é que sinto-me tentada a seguir outros caminhos, a experimentar fazer outras coisas, a mudar de cidade, quem sabe de país. Sinto-me tentada a ignorar o juízo que sempre me travou e cometer uma loucura, embarcar numa aventura sem a preocupação de como vai acabar mas, apenas pelo imediato prazer do caminho. Acabamos a tarde a comer chocolate e a falar de Singapura, Londres, Canadá, Macau, Brasil... Para já, apenas combinamos uma noitada para amanhã mas, quem sabe...

2 comentários:

Inês disse...

Raio das metas dos 30...as minhas ficaram lá, com os 30.
Ficaste com vontade de arriscar...Porque não??
Se eu pudesse, pegava em mim, numa mochila e seguia por aí.

MisS disse...

Inês,

First I have to lose my mind...