quarta-feira, 20 de março de 2013

Da política....


Eu gosto de política. Não da política que hoje se faz, nem dos políticos que hoje temos. Mas daquela política dura, da retórica, da argumentação e contra argumentação. Do jogo de xadrez jogado à mesa das negociações. O estado do nosso país é um reflexo da qualidade da nossa política e consequentemente dos nossos políticos. Hoje, na casa da democracia dá-se primazia à partidarice ao invés dos supremos interesses da nação. Os lobistas, que tal como as putas não estão legalizados mas passeiam-se nas bermas do poder, e exercem toda a sua influência monetária sobre os engravatados filiados que não conhecem outra realidade que o trabalho no partido. Os governantes e a oposição governam de olho nas sondagens, não importa que prometam o impossível, que só digam barbaridades, que passem uma mensagem irresponsável, o importante é ver as colunas da popularidade a subir. O principal problema do país e da Europa não é financeiro, é social. Primeiramente falta-nos gente qualificada para nos governar, olhar para a crise que nos assola e ver aquele monte de tecnocratas europeus, com os seus gráficos e tabelas, teorias e fórmulas é suspirar por um Churchill ou um Shuman. É desejar políticos com mais prática e menos filosofia  Pessoas que conheçam a realidade para além dos resultados líquidos, que consigam antecipar as jogadas, que não tenham medo de reagir. E é aí que todos nós temos culpa. Porque somos nós que lhes damos o poder. Somos nós que os escolhemos para nos governar. E, nem sempre é uma escolha racional, porque nem sempre as pessoas estão cientes do verdadeiro poder que têm. Falta-nos muita cultura democrática.
Nas eleições de 2009, os portugueses tinham a oportunidade de escolher entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite. De um lado estava a juventude, a simpatia, a telegenia, a beleza física, assim como a incompetência, a inexperiência, falta de carácter,  a ilusão, a banha da cobra . Do outro estava uma mulher de rosto carrancudo, maneiras pouco polidas, semelhanças físicas com o Quasimodo, experiente, conhecedora da realidade, seriedade inquestionável, realista, portadora de más notícias. O povo escolheu a versão cor de rosa da vida. Foi feliz durante uns meses, apenas para cair num buraco ainda mais fundo do que o que já estava. É esta a consequência de sermos inconsequentes.
 O país prepara-se para mais umas eleições, o ambiente está já a aquecer, os primeiros cartazes já estão na rua, nos corredores da Assembleia negoceiam-se transferências, fazem-se promessas, voam milhões de euros para pagar favores partidários. Os noticiários têm mais espectacularidade, as notícias são mais negativas, não tarda muito vão explodir uns quantos escândalos políticos. Enfim, o mesmo circo que se repete a cada ano de eleições. Mas, estas são umas eleições especiais, são as eleições onde vamos poder constatar se o povo, que tanto tem amargurado com esta crise, aprendeu de facto alguma coisa. Muitos candidatos irão prometer muito, mesmo sabendo que não o poderão cumprir. Acredito que, nos programas eleitorais, não veremos discernimento, nem a nossa actual realidade reflectida. Os próximos quatro anos serão, para o poder local, penosos, de reestruturações profundas (assim o esperamos - a parte das reestruturações). Acabaram-se as rotundas e chafarizes. Mas, será que os portugueses já interiorizaram isso?  Será que vão ser capazes de olhar para lá da imagem construída pelas agências de publicidade e votar na pessoa que de facto inspira mais confiança abstraindo-se da cor partidária e não se deixando comprar por promessas irreais? Será que vão responder ao seu dever e comparecer para votar, honrando assim o vermelho da bandeira nacional? Ou será que vai continuar tudo na mesma???



5 comentários:

RCA disse...

Ups... tem paciência, mas o Banco de Portugal nunca deu experiência de vida a ninguém. A Manuela Ferreira Leite não seria muito melhor que o Vítor Gaspar. Eventualmente não tão radical e com uma componente de investimento público para estimular o crescimento, isso se a troika deixasse.

De qualquer modo não estou a ver perfilar-se ninguém que inspire confiança. Enfim...

MisS disse...

RCA, o currículo da Manela é mais abrangente, o BdP é apenas um parágrafo. E, não fazendo o elogio da senhora, comparada com o Sócrates tenho a certeza que iria fazer um trabalho bem mais construtivo.(Lembra-te que na altura ainda não havia troika)

Eu estou com esperança em ver aparecerem mais listas independentes, de cidadãos preocupados e com vontade de mudar o rumo das políticas no país. Yes I'm a dreamer...

Anónimo disse...

Votar, agora só em branco, ou melhor, a vermelho que quer dizer outra coisa.

Inês disse...

Com o que eu tenho visto desde a re-eleição de José Sócrates é uma podridão, faz juz ao ditado de que "a merda é a mesma só o cheiro é que muda".
Quanto a eleições....recuso-me a eleger políticos de secretária nascidos e criados no partido, que não conhecem a vida cá fora, tal e qual como ela é. É quem nem a mais básica noção têm.

MisS disse...

Anónimo, candidata-te...

Inês, a podridão já vem de antes do pseudo engenheiro, a diferença é que com ele o cheiro ficou insuportável...