segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

De como as anormalidades nos perseguem ou, just a normal day at the office...


Hoje passei a manhã num posto da Guarda Nacional Republicana. A minha experiência com as forças policiais não é muita e, na verdade, não tenho razão de queixa, sempre fui muito bem atendida, com extrema simpatia e atenção mas, sempre que recorri a estes serviços fiquei com a sensação de alguma estranheza.
A primeira vez que entrei num posto (no caso era da Brigada de Trânsito)  foi  para pedir indicações. Estávamos (eu e uma amiga) a regressar do Sudoeste, e queríamos ir para Castelo Branco, sabíamos que havia  uma auto-estrada nova mas, não sabíamos onde a apanhar. Mal estacionamos o carro,  vimos três cabeças à janela a sorrir. Quando entramos estava já um agente, muito simpático e atencioso, à nossa espera. Perguntou-nos em que é que nos podia ajudar. Explicamos o que queríamos. O homem fez um ar pensativo e, do alto da sua sabedoria, respondeu-nos que o melhor era apanhar a A2 para Lisboa. Em Lisboa iríamos encontrar indicações para todo o país, depois era só seguir as placas. Eu paralisei a pensar se era o homem que era burro ou ele se achava que nós é que éramos. A minha amiga insistiu: "nós queremos ir para Castelo Branco, sabe ali junto à fronteira com Espanha, no lado oposto a Lisboa. Não há agora uma auto-estrada nova pelo interior?" Ao que ele respondeu: "nã menina, não se meta nisso. Eles dizem que abrem estradas novas mas não abrem nada, isso é só para a televisão. O melhor é ir para Lisboa que é a capital e depois de lá tem estradas para todo o país." Ainda perguntei se também havia estrada para o Funchal mas, o homem não percebeu...
A segunda vez foi uma história digna de Almodóvar. As monissimas tinham sido vitimas de uma perseguição automóvel por um louco com direito a ultrapassagem a alta velocidade e atravessamento na via, mesmo como nos filmes. Ao telefone com a GNR  informaram-nos que não tinham pessoal para enviar em nosso auxilio, que deveríamos arrancar mesmo que isso significasse passar por cima do gajo e que, uns km's à frente íamos encontrar um dispositivo policial. Paramos junto dos agentes e relatamos o ocorrido. Inseriram a matricula do sujeito no sistema, dão-nos o nome e a morada completa do gajo e dizem-nos: "nós não podemos fazer nada mas, se os vossos namorados, ou pais quiserem enviar-lhe um "recado", têm aqui os dados do meliante". Mandam-nos passar no posto para apresentar queixa. Cinco mulheres a entrar num posto da GNR é coisa para bloquear os serviços... De repente estávamos rodeadas de agentes muito preocupados com o que é que tinha acontecido às meninas. Lá contamos a história. Perguntaram-nos porque é que não saímos do carro e não batemos ao gajo, afinal nós éramos 5 e ele apenas um... Olhamos umas para as outras incrédulas... A Gija foi encaminhada para uma sala para prestar declarações e formalizar a queixa. Enquanto isso, nós ficamos a ser "entretidas" pelos agentes. Levaram-nos numa visita guiada pelo posto, mostraram-nos as celas, as camaratas, o bar, ofereceram-nos um cafézinho e água. Aconselharam-nos a arranjar uma latinha de gás pimenta e mostraram-nos uma série de armas dissimuladas que, segundo eles, são ideais para mulheres (mesmo sendo ilegais). Convidaram-nos a visitar o Regimento de Cavalaria para ver os cavalos e deram-nos o contacto do senhor que lhes faz as botas por medida. Não posso dizer que não foi um serão agradável... No final, escoltaram-nos à saída para se certificarem que o sujeito não estava lá. Achávamos que a aventura tinha terminado, até a Gija ter começado a receber sms de amor do Cabo que tomou conta da ocorrência. Um quarentão romântico, e persistente, com 1,5m de altura que se apaixonou perdidamente pelos olhos dela... Ainda achamos que ela perdeu uma grande oportunidade...
Hoje lá voltei a pôr os pés num posto da GNR, convencida que era o local certo para me ajudarem a interpretar um registo criminal. O documento era complexo é certo, 12 páginas com crimes de todos os tipos, quando dei por mim estavam uns quantos agentes de volta do documento, e continuavam a aparecer por todos os lados, cada um com a sua sentença. Nenhum me clarificou, na verdade ainda fiquei com mais dúvidas, embora debitassem números de leis e artigos com bastante desenvoltura. Eu tinha apenas uma pequena questão de ordem formal mas, o que é certo é que hoje, alguém vai ser abordado pelos senhores da autoridade e, a coisa não vai ser bonita...


5 comentários:

Pulha Garcia disse...

Infelizmente sei de muitos relatos parecidos aos vossos. Se precisares de alguma coisa, manda mail. Não sou GNR (já basta ser lampião, certo? ...) mas tento ser um bom amigo (para além de advogado).

Gija disse...

Do que tu te foste lembrar!!!! Cabo Marinho, nao sei qual foi pior se ter de aturar o assedio constante e as SMS com declarações de amor lamechas ou vocês a lixarem-me a cabeça para dar uma oportunidade ao gajo... foi um Verão atribulado aquele....

Ana ✈ disse...

Muito bom! Saio daqui com uma certeza: seja qual for o problema, vou evitar a todo o custo pôr os pezinhos no posto!

S* disse...

ahahah Coitada da amiga, queria fugir de um tarado e encontrou outro.

MisS disse...

Pulha, e o sacana revela-se um querido!... não ofereças que eu ainda abuso... ;)

Gija, é impossível entrar num posto da GNR e não recordar o Cabo Marinho, bateste com a porta à sorte foi o que foi...

Ana, eles tratam-nos muito bem, resolver o problema é que é outra questão...

S, e põe tarado nisso...